O fervor patriótico de circunstância

 

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva: no fim, ficará tudo a contento... (A foto é de Rodrigo Antunes, da agência Lusa, com a devida vénia)

Vai grande excitação patriótica com a "reacção" do ministro português, ontem, e do Presidente da República, hoje, à "ameaça" do embaixador dos Estados Unidos da América em Lisboa, caso Portugal saia da linha aceite a entrada da tecnológica de telecomunicações chinesa Huawei no projecto 5G.

Vieram os dois, primeiro o ministro, depois o supremo da Nação, dizer à uma que em Portugal mandam as soberanas autoridades portuguesas e que era o que mais faltava que vissem cá dizer-nos com quem fazemos negócios, numa aparente querela que tem já quase barbas.

Escusais de tecer loas apressadas ao zelo patriótico de suas excelências, pois convém ouvir e ler bem o que disse uma e sufragou a outra, e atentar no que as palavras proferidas dizem das inevitáveis cedências de soberania a que a diplomacia e os negócios estão vergados.

Leia-se de Augusto Santos Silva (sublinhados nossos):

"As decisões tomadas em Portugal são tomadas de acordo com os valores democráticos e humanistas, os valores portugueses, de acordo com os interesses nacionais de Portugal, de acordo com o processo de concertação a nível da União Europeia, quando esse processo é pertinente e com o sistema de alianças em que Portugal se integra, que é bem conhecido e está muito estabilizado."         

É escusado recordar que, além da habitual subserviência aos ditames dos EUA, em matéria de "sistema de alianças em que Portugal se insere", Portugal é membro da NATO e que a NATO...

 

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