Para a pequena história de uma "efeméride"


Uma amiga virtual na rede Facebook pergunta (cito de memória): "onde estavas quando a Diana morreu?".

Sei exactamente o lugar e as circunstâncias: gozava férias em Idanha-a-Nova e recebi no "pager" (efémero milagre tecnológico...) uma mensagem brutal. Se não me engano, era algo como "Morreu a Diana!".
A única "a Diana" das minhas relações era a Diana Andringa, então presidente da Direcção do Sindicato dos Jornalistas, na qual eu era vice-presidente, pelo que, evidentemente preocupado, corri para o telefone público mais próximo.
A Diana estava viva e de boa saúde, mas literalmente acossada por telefonemas de jornalistas que queriam depoimentos (punitivos, se bem me recordo) acerca das responsabilidades dos jornalistas - e em particular dos paparazzi - no funesto fim da princesa de Gales.
Lembro-me bem desses debates de então e de outros que se seguiram, em especial sobre os limites à devassa da privacidade pelos meios de informação e o resguardo que as chamadas "figuras públicas" deveriam auto-impor-se na sua relação com os media.
Nessa revisitação, encontro alguma nostalgia, justificada pelo desgosto com as práticas de hoje. 
As celebridades de ocasião difundem nas redes sociais, com incontido despudor, generosas fracções de corpos e abundantes pormenores de paixões e desejos. E os media alimentam-se com fartura desse lodo, transformando-se numa cloaca de frivolidades.


Mensagens populares deste blogue

Jornalismo: 43 anos e depois

O serviço público de televisão e a destruição da barragem de Kakhovka: mais rigor, s.f.f.

O caso Rubiales/Jenni Hermoso: Era simples, não é?