Sobre o conceito de partido de protesto e a realidade
A
direita e respectivos megafones opinotruantes na comunicação social, atordoados
e em pânico com a possibilidade de os partidos à esquerda do PS virem a assumir
responsabilidades governativas (ainda que nem o PCP nem o BE as coloquem como
condição para viabilizar um governo de António Costa), não cessam de
municiar-se no vasto arsenal de vitupérios, preconceitos, ignorância e boa soma
de conceitos e de concepções antidemocráticos.
Entre
os últimos, avulta, pela recorrência de uso e pela pesporrência de estilo, a
concepção segundo a qual nomeadamente o Partido Comunista Português (PCP) é um “partido
de protesto” excluído do “arco da governabilidade”.
Tais
conceitos têm feito carreira há muitos anos, não só entre a tríade responsável
pelos 39 anos de políticas que sabemos e que nos trouxeram ao exacto ponto necessária
viragem em que nos encontramos, mas também entre muita da opinião publicada.
Se
o segundo conceito radica numa concepção profundamente antidemocrática, que
visa delimitar os partidos que podem aspirar a responsabilidades governativas,
já o primeiro funda-se na manifesta falta de informação, para não dizer de
estudo.
É
certo que nomeadamente o PCP se assume como partido de luta e que as trava em
todas as frentes, incluindo em acções de massas. Mas, precisamente, tentar empurrá-lo
para o reduto de um rótulo é ignorar não só um imenso património de combate,
mas também que este encontra tradução prática e expressões muito concretas em
propostas, acções, realizações, conquistas e efeitos na vida dos trabalhadores
e do povo.
Basta
passar de relance sobre tudo quanto tem feito nas autarquias que governa, nos
órgãos autárquicos onde tem eleitos e na Assembleia da República onde tem
deputados, para concluir honestamente que, valorizando o património de propostas,
exigências e combate de 94 anos – 41 dos quais em liberdade –, o PCP assume
importantes responsabilidades no exercício prático do poder.
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