Sobre a demissão da Administração da RTP

É sabido já: a Administração da RTP teria apresentado a demissão ao ministro dos Assuntos Parlamentares, que a aceitou de pronto. Consta que a esperava - ou que a teria exigido.
A Administração demitida não colhia a simpatia dos trabalhadores ao serviço da RTP nem das suas organizações representativas, desde logo pela sua recusa em discutir o plano de reestruturação que estava a executar, à margem de qualquer participação da Comissão de Trabalhadores, mas também porque soube muito bem requerer para os administradores o estatuto de excepção nas remunerações.
Aparentemente, a Administração é castigada por ter ousado (??!!) tornar pública a sua discordância com a "hipótese" de concessão da RTP muito da simpatia do ministro das Privatizações, António Borges, bem como de comentar negativamente tal opção. Mas não podemos esquecer que esta é a Administração que é cúmplice do Governo na operação de desmantelamento do Serviço Público de Televisão e da própria RTP, especialmente ao colaborar activamente no processo para a privatização de pelo menos um canal de televisão. E que esta Administração preparava mais um despedimento maciço de trabalhadores.
Não há razões de solidariedade para com a Administração demitida, como não poderá haver contemplações na que lhe suceder, pois esta há-de trazer o mandato de prosseguir o trabalho de desmantelar a RTP e os Serviços Públicos de Rádio e de Televisão.
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