As decisivas 72 horas do Planeta


"Tenho 17 anos, sou uma criança - a vossa criança", apresentou-se. Brittany Trifold, estudante neozelandesa escolhida por 350 organizações não governamentais para falar na primeira sessão plenária da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável que decorre no Rio de Janeiro até sexta-feira, enfrentou os senhores do Planeta (193 países participam no Rio+20), olhos nos olhos, para pedir-lhes contas das promessas feitas há 20 anos (Cimeira da Terra, 1992): "Fizeram enormes promessas, que eu li e me fizeram ter esperança".
De facto, "os senhores e os vossos governos prometeram reduzir a pobreza e tornar o ambiente sustentável; prometeram combater as alterações climáticas; assegurar água limpa e segurança alimentar...", enfim, promessas que "nem sequer foram quebradas, mas estão esvaziadas", ia dizendo, o olhar claro enfrentando com firmeza a plateia, interpelando-a.
"Nós, a próxima geração, exigimos mudanças, exigimos acção, porque queremos ter futuro.". Nas calmas, como se fosse a síntese de milhões de desesperançados, Brittany fixa a agenda dos poderosos: "Têm 72 horas para decidir a sorte dos vossos filhos, dos meus filhos, dos filhos dos meus filhos. Inicio o relógio: tic, tac, tic..."
E também o mandato concreto: "Confiamos em vós" para que "nas próximas 72 horas ponham os nossos interesses antes de todos os outros interesses". Afinal, "estão aqui para salvar a face ou estão aqui para salvar-nos?".
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