O serviço público de televisão e a destruição da barragem de Kakhovka: mais rigor, s.f.f.

 

Acabo de ver no “Jornal da Tarde” da RTP uma peça sobre a destruição da barragem de Kakhovka, afirmando que “uma investigação independente” da “organização de direitos humanos Global Rigths  Compliance” reuniu provas, contra determinada parte,  de "uso de explosivos convencionais" e considera o acto um "crime de guerra".

Ora, como é fácil perceber numa rápida consulta ao respectivo sítio electrónico, a Global Rigths Compliance não é uma “organização de direitos humanos”, mas sim pelo menos uma ou duas realidades juridicamente bastante distintas da que nos é apresentada, mas sim, basicamente, um escritório de advogados especializados nestes assuntos.

Aliás, pelo menos um despacho de ontem da agência Reuters deixa bem explícito que esse escritório está a assessorar a Procuradoria-Geral da Ucrânia na obtenção de provas e na preparação das iniciativas legais contra a Rússia, interesses (legítimos!) que, todavia, a cadeia norte-americana de televisão CNBC não expõe de forma clara

O caso traz-me à memória uma interessante conversa que, há muitos anos, tive com um oficial general responsável por certa instituição na área da Defesa, chamando-me ele a atenção para a excessiva facilidade com que os jornalistas caem na armadilha de dar cobertura (i.e., conferir credibilidade) às chamas ONG.

No caso, bastaria um pouco mais de rigor e gastar um pouco de tempo para verificar a informação – seja lá qual a origem... – para enquadrar devidamente a dita “investigação” e para situar a respectiva porta-voz

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