O Presidente que diz que não quer ser actor...

Como era de esperar, o Presidente da República e o primeiro-ministro foram vaiados hoje, em Elvas, nas cerimónias comemorativas do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. "Demissão!, demissão!", ouviu-se quando Cavaco Silva discursava na para os militares em parada.
Como era de esperar, o Presidente da República não valorizou nem valoriza os sinais populares do legítimo descontentamento. No discurso oficial das comemorações, lá procurou enquadrar a sua aparente falta de intervenção política, recordando:
"Sempre discordei daqueles que entendem que a magistratura presidencial deve ser uma magistratura negativa e conflitual, daqueles que têm uma visão do Presidente da República como um actor político que participa e se envolve no jogo entre maiorias e oposições, na busca, muitas vezes, do engrandecimento do seu protagonismo pessoal.".
Como era de esperar, Cavaco Silva bem se esforça em mostrar a sua equidistância "entre maioria e oposições", mas eis que logo as palavras - certamente pensadas antes de vertidas no discurso - repuseram a clareza no desígnio que anima S. Exa.:
"No difícil momento que o País atravessa, temos de cumprir os compromissos que assumimos, pois Portugal é uma República de bem, que honra a palavra dada.".
Mais palavras esclarecedoras aqui.
   
   

Mensagens populares deste blogue

Jornalismo: 43 anos e depois

O serviço público de televisão e a destruição da barragem de Kakhovka: mais rigor, s.f.f.

O caso Rubiales/Jenni Hermoso: Era simples, não é?