O Saraiva da CIP e o cinismo de classe


A entrevista que o presidente da CIP concedeu ao “Diário Económico” e à RDP/Antena1 é digna de um seminário inteiro, começando e acabando no seu conteúdo* ou começando e acabando no poder que os dirigentes patronais e os economistas de direita exercem efectivamente nos Media.
Fiquemo-nos pelo título principal (nas páginas interiores: "Mais vale ter trabalho precário do que desemprego"):
Perguntado sobre se “não há demasiado trabalho precário nas empresas”, António Saraiva, figura com lugar cativo no sistema mediático tão dependente dessas figuras, responde:
“Admito que sim, mas mais vale ter trabalho precário do que desemprego. Numa situação como aquela em que está a economia, prefiro ter um contrato a termo, com regras e respeito pelo ser humano, do que ter mais um desempregado”.
Dita assim, a resposta parece em condições de colher algum consenso. Esmiuçada, contudo, expõe a enorme e dramática extensão do cinismo de classe. Como se esta gente pudesse ser exonerada da criminosa responsabilidade pela “situação” a que economia chegou; e como se precariedade e desemprego não fossem – como são! – as duas faces da mesmíssima moeda.


*O conteúdo inclui perguntas e respostas…

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