Uma luta que não pode cessar nem ceder*



Saúdo calorosamente todos os presentes nesta magnífica jornada de celebração da madrugada luminosa que, há 45 anos, abriu as portas para um país novo, pelo qual continuamos a lutar.


Fazêmo-lo com a alegria e com o empenho de quem não desiste de transformar, honrando o exemplo e a memória de tantas e tantos que, ao longo de 48 anos de fascismo, sofreram o assédio das vigilâncias da PIDE e das perseguições, enfrentaram a dureza da prisão, arrostaram a violência da tortura e, por fim, deram as suas vidas.

Sim, o fascismo existiu!

O fascismo existiu e teve nos comunistas e noutros democratas os mais generosos, mais porfiados, mais corajosos e mais consequentes resistentes, mas também fez deles os alvos predilectos da sua feroz repressão.

Temos o dever o dever indeclinável de recordá-los e de prosseguir o combate que não pode cessar, ao contrário da ideia, que alguns querem fazer-nos crer como certa, de que esse é um assunto arrumado, condescendendo em limpar anualmente o pó da consciência pesada.

Temos esse dever, especialmente quando se agudizam as tentativas de desvalorização, ostracização e isolamento do PCP e das suas propostas e intervenções, quando não de insídia e de calúnia.

Temos esse dever, sobretudo quando muitos assistem acriticamente ao branqueamento da História, à ressignificação de factos e acontecimentos e à entorse da memória.

Temos esse dever imperativo, quando muitos tentam fazer tábua rasa de pesados sacrifícios de longas décadas, ou mesmo séculos, de lutas e das conquistas da Revolução de Abril e dos trabalhadores.

Temos esse dever impreterível, quando procuram semear a dúvida sobre a legitimidade da aspiração à justa distribuição da riqueza, ao trabalho e a um salário digno, à fruição do descanso e dos tempos livres, do acesso à educação, à cultura, à saúde e à qualidade de vida.

Temos esse dever revolucionário, neste instante, quando, 45 anos depois do derrubamento do fascismo em Portugal, se assiste ao ascenso do fascismo nomeadamente na Europa e a extrema-direita chega em força a parlamentos nacionais – um perigo muito real, hoje mesmo em Espanha, e em breve no Parlamento Europeu, onde as últimas projecções apontam 152 deputados de extrema-direita.

Também por isso são decisivas para essa luta – que não pode cessar nem ceder – as próximas eleições de Maio e de Outubro.

Viva o 25 de Abril!                 Viva a CDU!



*Intervenção de saudação no Almoço Regional da CDU em Vila do Conde, comemorativo do 45.º aniversário do 25 de Abril

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