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A mostrar mensagens de agosto, 2017

Para a pequena história de uma "efeméride"

Uma amiga virtual na rede Facebook pergunta (cito de memória): "onde estavas quando a Diana morreu?". Sei exactamente o lugar e as circunstâncias: gozava férias em Idanha-a-Nova e recebi no "pager" (efémero milagre tecnológico...) uma mensagem brutal. Se não me engano, era algo como "Morreu a Diana!". A única "a Diana" das minhas relações era a  Diana Andringa , então presidente da Direcção do Sindicato dos Jornalistas, na qual eu era vice-presidente, pelo que, evidentemente preocupa do, corri para o telefone público mais próximo. A Diana estava viva e de boa saúde, mas literalmente acossada por telefonemas de jornalistas que queriam depoimentos (punitivos, se bem me recordo) acerca das responsabilidades dos jornalistas - e em particular dos paparazzi - no funesto fim da princesa de Gales. Lembro-me bem desses debates de então e de outros que se seguiram, em especial sobre os limites à devassa da privacidade pelos meios de informação

Lugares-comuns

Estou a pensar nos velhos ensinamentos e advertências para o recurso a lugares comuns em jornalismo.  O pretexto: acabo de ouvir numa televisão que os ex-guardas florestais (agora na GNR) são o "CSI à portuguesa" quando investigam as causas dos fogos florestais. Não haverá mesmo nada que fertilize aquelas imaginações?

Consensualização jornalística da retórica política

Os meios de comunicação nacionais e internacionais têm alimentado, nos últimos cinco dias, a ideia de que a Assembleia Nacional Constituinte (ANC) da República Bolivariana da Venezuela «dissolveu» a Assembleia Nacional (AN), «reforçando os poderes de Nicolás Maduro». Como quase todas as mentiras, esta tem a perna curta – tão curta, que nem a propaganda da coligação oposicionista Mesa de Unidade Democrática (MUD), ampla e insistentemente distribuída nada menos que no portal oficial do Parlamento, consegue disfarçá-la. Na realidade, a AN tem continuado a reunir-se e a tomar decisões, a esmagadora maioria das quais é composta por deliberações («acordos») relativos ao seu mau relacionamento com o Governo, primeiro, e, depois, com a ANC, ainda a Constituinte não tinha sido (legitimamente, insista-se) eleita, incluindo apelos a organizações internacionais para que intervenham na Venezuela. Não deixa de ser sintomático que entre os numerosos «acordos» aprovados neste ano não conste

Orçamentos de campanha

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Falta dizer, com números, a quantas câmaras concorre cada força. A CDU, por exemplo, concorre a 304 das 308, batendo em número qualquer outra, incluindo o PS e o PSD. Ou seja, qualquer comparação de previsões de encargos só é razoável mediante a comparação de esforços eleitorais. O resto é demagogia.

Silêncios cúmplices

Alguém ouviu os Capriles, os Borges, os Allupes e outras gradas figuras da oposição, a MUD ou algum dos partidos que a compõem, o Almagro da OEA, ou o dito alto comissário da ONU para os direitos humanos, condenaram a ameaça de intervenção militar na Venezuela proferida pelo presidente dos Estados Unidos já lá vão mais de 24 horas? Bem me parecia.

Da semântica de classe

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Da semântica de classe, ou do uso dos eufemismos na larvar batalha ideológica: A Altice não despede; convida a rescindir.

Asneiras estivais

O novel presidente do Grupo Parlamentar do PSD regressou de férias. Engana-se quem o suponha renovado: trouxe o mesmo, o mesmíssimo, bornal de asneiras. Numa retórica de plástico, o moço bem se esganiçou a exigir do Governo a indemnização - já! (já devia ter feito!) - aos familiares das vítimas do incêndio de Pedrógão Grande. Esquece que a bancada à qual preside apoiou uma proposta (DO PCP) para discutir, logo que o Parlamento reabra, legislação para agilizar as indemnizações. Haverá alguém que, por caridade, esclareça o rapaz? Agradecido.

Escaladas

É só para dizer que me parece andar muito enganadinho quem pensa que a grave escalada de retórica de confronto entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte é coisa apenas entre "dois doidos".  Ora vejam lá se, na livre e liberal América, alguém (republicanos e democratas em particular) se demarca, a sério e de forma consequente, dos coices de bota cardada verbal e da gabarolice imperialista do Trump e da sua tropilha!...

Na época estival, ninguém leva a mal

As pessoas que seguem com alguma atenção os «acontecimentos» mediáticos mais bizarros das temporadas estivais – a silly season – costumam enquadrá-los numa categoria especial de notícias tão tolerável que os próprios jornalistas parece terem-se acomodado ao fenómeno com escasso juízo crítico e a opinião pública encara-a com bonomia. No fundo, passada a época, esgotada a excepção, a vida segue… Neste Verão, as coisas mudaram bastante de figura, com a dramatização elevada a um grau superlativo nunca visto da chamada «época de incêndios florestais», em consequência do incêndio de Pedrógão Grande e municípios vizinhos, com o trágico cortejo de mortos, feridos, desalojados e desocupados. Mas mudaram também (ou sobretudo?) com o particular contexto de combate político, por estes meses com o acrescido com as naturais fricções próprias de épocas pré-eleitorais, com a pugna pelos órgãos das autarquias locais de 1 de Outubro em frenesim crescente. Neste quadro, a direita ressabiada

Convicções precárias

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