Eu e Fidel Castro
Conheci Fidel Castro no dia 12 de Novembro de 1999, quando O
Comandante foi à Aula Magna da Universidade de Havana presidir à cerimónia de
encerramento do VIII Congresso da Federação Latino-Americana de Jornalistas
(FELAP, no acrónimo em Espanhol) e de abertura do VI Encontro Ibero-Americano
de Jornalistas.
Muito mais importante do que a memória pessoal das breves palavras
de cortesia e de circunstância que com ele troquei no átrio da Aula Magna,
envolvido, à chegada, pela Direcção da União de Jornalistas de Cuba e pelos representantes
das delegações das organizações participantes (Fidel estava muito curioso por
conhecer “os dois portugueses” – eu próprio e o meu camarada Martins Morim), foi
o magnífico discurso que proferiu depois perante o auditório.
Sem papéis – nem sequer um pequeno papel com os tópicos
essenciais do que pretendia transmitir-nos, Fidel discorreu sobre os
extraordinários desafios que, naqueles tempos muito difíceis, se colocam a
todos os intelectuais.
“O nosso dever é ajudar a mudar este mundo, quanto antes
melhor”, disse, para, dirigindo-se aos jornalistas os tornar cientes de que,
mais do que qualquer outra profissão, tinham nas mãos um importante poder transformador.
“Vós tendes a vacina contra o embrutecimento: é a verdade dirigida à razão e ao
coração do homem.”
Tenho pensado muito nestas palavras ao longo dos anos, mas
muito especialmente nestes dias de despedida e de saudade, sobretudo lendo
certas análises e previsões quanto ao significado e consequências do
desaparecimento físico de Fidel Castro, geralmente desprovidas de informação
suficiente sobre a história da Revolução Cubana e a realidade muito concreta do
seu povo heróico, para não falar do preconceito e do anti-comunismo que as
contaminam.
Viva
Fidel!