Sobre o caso da "entrega" de Pedro Dias em directo e uma entrevista



Estou a pensar na entrevista ao "homem mais procurado do país" que a RTP1 divulgou, ontem, na íntegra, no programa "Sexta às 9", e em todo o conteúdo do programa "Sexta às 11" que se lhe seguiu na RTP3, os quais só há pouco pude ver.
Estou a pensar sobretudo nas imensas dúvidas - e muito mais dúvidas do que respostas - que ambos os programas deixaram na minha cabeça. 
Como, por exemplo, a que tem a ver com a questão de saber se é correcto aceitar ser instrumento na estratégia de advogados; e a quem tem a ver com um importante, mas talvez postergado, preceito deontológico que manda o jornalista atender às condições em que o potencial entrevistado reúne para conceder a entrevista.
E, ainda, a de saber se a entrevista e, sobretudo, a notícia em directo sobre a detenção ("entrega", disse a advogada...), além de satisfazerem objectivos congeminados pela Defesa (e aqui há claro risco de instrumentalização), correspondem mais ao propósito de satisfazer a mera curiosidade dos espectadores do que à missão de informar.
Estou apenas a pensar alto, claro.

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