Trégua na Síria será para valer?

Entrou em vigor a trégua de duas semanas a observar pelas Forças Armadas da Síria e seus aliados, por um lado, e a miríade de grupos armados da oposição (uma centena) e seus aliados, por outro, que se enfrentam há cinco anos numa devastadora guerra civil.
Proposto conjuntamente pela Federação Russa e pelos Estados Unidos da América, o cessar-fogo foi aprovado por unanimidade pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas - o que lhe confere um peso especial.
A trégua não abrange - e seria impossível abranger - o auto-denominado Estado Islâmico e da filial síria da Al Qaeda, a Frente Al Nusra, sendo legítimo recear que estes tentem aproveitar a suspensão das hostilidades para procurarem recuperar terreno, e sendo evidentemente expectáveis correspondentes respostas armadas.
Mas não é esse o único - e já não é nada pouco - desafio colocado aos dois lados do conflito civil. É também o da enorme complexidade do controlo do cessar das operações por tão multiplicadas e diversificadas forças, completamente diferente da verificação de um cessar-fogo entre dois exércitos, cada qual dotado da respectiva cadeia de comando.
Só podemos desejar que a trégua seja efectivamente respeitada, que se não gerem equívocos perigosos e que as incertezas sejam resolvidas ou minimizadas.
Porque não podemos garantir que esta não seja a derradeira oportunidade para conter, inverter e neutralizar o risco de uma escalada de grande amplitude, sobretudo se certa vizinhança não refrear drasticamente as pulsões e apetites militares.

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