Em todo o caso, é sempre bom rever-te

Acabo de cruzar-me com um antigo assessor de Imprensa de uma importante empresa (antigo, porque foi entretanto promovido a função mais elevada). Pareceu-me claro que nos reconhecemos, mas cada um continuou o seu caminho, como se nos ignorássemos.

Não foi a primeira vez e provavelmente não será a última: temo-nos cruzado na rua e até almoçamos, por vezes, muito próximos um do outro no mesmo restaurante. Tudo isto sem uma palavra, um aceno, um esboço de aceno - nada! Nós, que nos tratávamos por "tu" e tudo.

Vai isto, talvez, em duas décadas, e ainda me recordo bem do que aconteceu. Um dia, recebi um telefonema dele dizendo-me mais ou menos isto: "se soubesse que ias fazer isto, não te tinha fornecido os dados". Admito, hoje, que talvez ele tivesse na altura alguma razão. Mas ainda hoje continuo convencido de que fiz o que era - e é - certo a um jornalista fazer: verificar todas as informações que o assessor de imprensa me fornecera.

Recordo o caso com embaraço pessoal, pois tinha estima pelo então assessor e lamento não termos tido na altura condições para discutir o sucedido com outra frontalidade. Mas o caso também serve para ajudar a reflectir sobre este dever tão importante e tantas vezes esquecido (eu, pecador, me confesso!) - ou impossibilitado pelas circunstâncias: o de verificar e contrastar sempre as informações, mesmo que a fonte nos mereça confiança ou goze da nossa estima.

PS: Em todo o caso, é sempre bom rever-te, A...
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