Soares, Cavaco e os jornalistas

Mário Soares e Aníbal Cavaco Silva, que se julga - há quem julgue... - serem pessoas muito diferentes, pronunciaram-se, anteontem e ontem,  mais uma vez e cada um a seu modo, sobre a maneira como os media e os jornalistas observam e narram a realidade política. Nenhum deles surpreendeu, mas o que disseram devem deixar-nos a pensar sobre o que andamos a fazer.
Mário Soares, segundo o JN de hoje (pág. 10), declarou que "as organizações que estão por detrás dos jornalistas e comandam e que, muitas vezes, sugerem as perguntas vão por um mau caminho, porque julgam que a intriga faz ganhar audiências".
Cavaco Silva, segundo vi ontem nas televisões e leio hoje nos jornais, referindo-se às interpretações da suas palavras e às constantes interpelações sobre o que concluíram delas A ou B, veio proclamar a sua (velha) dispensa da mediação jornalística nestes termos lapidares: "Quem quiser conhecer a verdade - repito: a verdade; insisto: a verdade - sobre aquilo que diz e faz o Presidente da República, basta ir ao site da Presidência. Lá, está a verdade!" 
Nestas singelas e tão directas palavras há um manancial de reflexões a fazer. Estaremos em condições de fazê-la?

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