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A mostrar mensagens de novembro, 2017

Filões e agendas

1. Por estes dias, corre nas redes sociais uma insistente torrente de interpelações aos media , questionando-os sobre a ausência – ou pelo menos a insuficiência – de notícias aprofundadas e sistemáticas sobre os processos relativos a alegada fraude com fundos europeus na Tecnoforma, envolvendo duas altas figuras do PSD; de alegada corrupção para a atribuição de «vistos gold», com a participação de figuras do topo da Administração do Estado e até um ministro do PSD; e de alegada corrupção na compra de submarinos à Alemanha tutelada pelo anterior presidente do CDS-PP. Não é que as notícias não existam, como demonstra, por exemplo, uma investigação publicada há duas semanas pelo Público , mas as inúmeras mensagens veiculadas evidenciam uma insatisfação com a cobertura jornalística conferida àqueles assuntos, em contraste com a prolongada, e nalgumas fases intensa, divulgação de elementos, mesmo que por vezes irrelevantes, do processo da «Operação Marquês». A comparação sugere que ce

A ilusão em duodécimos

Estou a pensar, a propósito desta estranha "polémica" desencadeada pela resistência do PSD à proposta do PCP de extinção do pagamento em duodécimos dos subsídios de férias e de Natal, em quanto é curta a memória e em como foram quase eficazes os ataques aos direitos dos trabalhadores feitos pelo governo PSD/CDS. A imposição daquela forma de pagamento - na realidade, para iludir os trabalhadores e disfarçar o agravamento fiscal de então, bem como para ir os preparando para a extinção a prazo daqueles subsídios - data de 2013. Mas em tão escassos anos tornou-se a normalidade, pelos vistos para muitos!

Esta manchete é uma descarada mentira

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Peões, essa raça indesejável na cidade

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Que linguagem "jornalística" será esta?

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O JN e a cidade

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Estou a pensar, matutando na dupla efeméride que espero viver no próximo ano - 130 anos de existência do "Jornal de Notícias" e 30 anos da minha integração no seu corpo redactorial, vindo do entretanto extinto "O Primeiro de Janeiro" - nas múltiplas funções que a presença de um jornal cumpre, ou deveria cumprir, na vida de uma cidade, de preferência no centro da cidade.  São elas que conferem aos  jornais a dimensão de instituições únicas e insubstituíveis, sobretudo quando os jornais sentem e reflectem o pulsar das cidades e nas suas redacções pulsam todos os mundos. Penso também no quanto os seus edifícios (o do JN foi o segundo construído de raiz no Porto, muito depois de "O Comércio do Porto", também já extinto) emergem na paisagem de emoções que também povoam e definem a cidade. Também por isso fazem parte da alma da urbe.

Os media e as armas nucleares

Por estes dias, o Conselho Português para a Paz e a Cooperação (CPPC) está a dinamizar uma importante campanha de angariação de subscritores de uma petição com vista à assinatura (e ratificação), por Portugal, do Tratado de Proibição das Armas Nucleares , adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 7 de Julho passado. A iniciativa não tem tido acolhimento nos media , seguramente muito ocupados com outros temas e pouco inclinados a promover a discussão de assuntos de importância vital para a comunidade, mas cuja utilidade imediata – e imediatamente mensurável em audiência – não vislumbrarão. Foi transitório o interesse mediático (aliás sem grande entusiasmo) pelo tema quando, a 6 de Outubro, foi anunciada a atribuição do Prémio Nobel da Paz à Campanha Internacional pela Abolição das Armas Nucleares (ICANW, no acrónimo em Inglês), cujo trabalho empenhado e decisivo deve ser justamente destacado. Setenta e dois anos depois do lançamento das bombas nucleares sobre Hiroshi

Sobre tudo o que mexe

Começando por declarar que declino a investidura de afilhado da Sra. Dra. Maria Cavaco que, sem me ver tido nem achado, o Presidente da República quis impor-me, venho manifestar preocupação com as piruetas temáticas que S. Exa. faz para estar permanentemente na berlinda mediática. Acrescento, aproveitando esta oportunidade, que ainda estou para perceber por que razões os órgãos de informação alinham neste jogo - tantas vezes patético - de colocar S. Exa. a pronunciar-se sobre tudo o que possa bulir. Um destes dias, talvez se pronuncie ex cathedra sobre a morfologia da caganita do rato-almiscarado e a vida sentimental do gambozino.

Os jornalistas e as armas nucleares

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Correspondendo ao amável convite do Conselho Português para a Paz e a Cooperação (CPPC), participei hoje num debate sobre o Tratado de Proibição das Armas Nucleares, cuja assinatura e ratificação urgente, especialmente pelos países detentores de arsenais nucleares e pelos membros da NATO, defendi. Sabendo-se muito bem quem tem armas nucleares – 15 mil ogivas detidas por nove países, com os Estados Unidos e a Federação Russa à frente, e incluindo a China, o Reino Unido, a Fran ça, Israel ou o Coreia do Norte, com potências e capacidades de propulsão extraordinárias – e o gravíssimo risco que uma deflagração representa para a Humidade, discordei do argumento central usado pelas potências nucleares e a carneirada da NATO (Portugal incluído) para recusar o Tratado: o da preservação do equilíbrio mundial. Com nove países dotados de um poder extraordinário de uso indiscriminado de armas de aniquilamento de cidades e decidir sobre a vida de povos inteiros, é claramente manifest

Pugilatos

Suponho que o futebol se joga dentro do campo e que são os seus resultados e o desempenho das equipas que interessam ao público.  Já me faz muita confusão que os media tenham encetado há anos por uma espécie de pugilato verbal entre dirigentes.   Mas alguém faz o favor de explicar-me por que razões têm relevância mediática - isto é, interesse para o público - as bocas dos assessores de imprensa (perdão, directores de comunicação!) dos clubes nas redes sociais? É só para saber.  Agradecido.

A Revolução de Outubro

Pensando na Revolução de Outubro, no significado imenso que vai para além das extraordinárias transformações e conquistas no século XX e no que se projecta no futuro, estou também a matutar no quanto se diz por estes dias, em rançosos preconceitos e ódios mal dissimulados. Enfim, se a desdenham tanto, por que razões a temem?

Catalunha

Contrastes flagrantes : a) Puigdemont e outros membros do Governo autónomo catalão aguardam em liberdade a tramitação na Bélgica, enquanto os restantes membros estão encarcerados às ordens de um afloramento franquista em Espanha; e b) Enquanto Oriol Junqueras e outros elementos enviados para a prisão pela Audiência Nacional foram algemados, Puigdemont em seus companheiros foram conduzidos sem algemas entre a esquadra de polícia onde se apresentaram esta manhã o o Tribunal de Instrução Criminal onde foram ouvidos.

Ambivalência cívica

A algumas horas da eventual decisão da juíza de turno na Audiência Nacional espanhola, Carmen Lamela, sobre a emissão de um pedido europeu de detenção do presidente eleito da Generalitat da Catalunha, estou a matutar nesta espécie de ambivalência cívica que cerca Carles Puigdemont. Por um lado, é mal compreendido por muitos que tenha "fugido" para a Bélgica, furtando-se, dizem, à Justiça e escapando à prisão preventiva que o Estado espanhol impôs aos seus companheiros de "Gov ern", comportamento este pouco solidário com os mais de dois milhões de catalães que enfrentaram o risco e a brutalidade do referendo de 1 de Outubro. Por outro, talvez seja compreensível que se refugie, enquanto for possível, na "capital da União Europeia", onde pode "circular livremente e em tranquilidade" (a correspondente da RTP em Madrid enfatizava que Puigdemont bebia um café enquanto a Audiência Nacional enviava os seus colegas para a cadeia). É que, enquanto fo