Nave dos dias

Ainda fresquinhos da gráfica, os "Cadernos de Abril" com as intervenções no debate "A Comunicação Social e as Fronteiras da Democracia", promovido pela Associação Conquistas da Revolução, no qual tive o gosto de participar .

A notícia internacional do dia não é só que o presidente norte-americano terá travado dez minutos antes um ataque a sistemas de radar e de defesa antiaérea do Irão, no próprio território da República Islâmica. 

Em Espanha, os fascistas do Vox progridem no poder em alianças com a tralha franquista do Partido Popular e do Ciudadanos e o PSOE anda às aranhas com as suas hesitações e compromissos. No Reino Unido, o Partido Conservador está prestes a implodir no regaço alegre e irresponsável de Boris Johnson, abrindo caminho à extrema-direita federada em torno de Nigel Farage, enquanto o Partido Trabalhista anda atarantado sobre o seu próprio destino. Isto está demasiado feio. E dou só dois exemplos...

Estou a matutar, pensando nesta interessante proposta de deambulação humana num "caminho menos percorrido", que por estes dias foi aberto na fachada da antiga sede do extinto jornal "O Primeiro de Janeiro", estou a matutar, dizia, nos anos em que tantas vezes fiz desta varanda uma espécie de gávea de observação desse mar de gente que, desaguando de "desvairadas partes".

Rua do Bonjardim, Porto, Junho de 2019

Estou a pensar no tal Guidó, o tal presidente interino de 1400 (vamos dar o número de barato) militares venezuelanos desertores foragidos na Colômbia e de mais uns quantos apaniguados.

A propósito de dezenas de notícias segundo as quais no final da cerimónia de despedida de Ruben de Carvalho "foi entoado o hino do partido, 'Avante Camarada'", eis o que dizem os Estatutos do Partido Comunista Português: "Art.º 73.º O hino do Partido é A Internacional ." Também ajuda ler este importante texto do próprio Ruben de Carvalho .

O líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, fez muito bem em apelar a que o Governo do Reino Unido se abstenha de contribuir para a escalada contra o Irão , pelo menos sem evidências credíveis do envolvimento de Teerão nos ataques a dois petroleiros, anteontem, no Golfo de Omã.

Acabo de ouvir, muito perplexo, o presidente da Câmara Municipal de Barcelos afirmar à RTP que adjudicou a comunicação e de marketing político da autarquia à mulher de um correligionário "por razões de confiança" e porque não lhe passa pela cabeça contratar a empresa de comunicação de um opositor, que prejudicaria o executivo do seu partido.

"Como dizia o camarada Álvaro Cunhal, 'as vitórias não nos descansam e as derrotas não nos desanimam'". "Esta força não abandonará nenhum combate!" Jerónimo Sousa, no comício, hoje, na Praceta Dr. Álvaro Cunhal, Senhora da Hora, Matosinhos

Aspecto parcial do artigo que assino hoje no "Jornal de Notícias" Conheci pessoalmente Agustina Bessa-Luís na ressaca das eleições presidenciais de 1986, nas quais estivéramos em campos opostos: a escritora, como mandatária de Diogo Freitas do Amaral, o candidato da Direita; eu, como apoiante anónimo de Salgado Zenha, primeiro, e modesto contribuidor, depois, para o derradeiro tempo de antena que, creio ainda hoje, foi decisivo para a vitória de Mário Soares na segunda volta (12 de Fevereiro).

Alguém saberá explicar por que razões, nos últimos tempos, deu aos jornalistas em perguntar a torto e a direito se determinada personalidade, acabada de morrer e antes mesmo de estar sepultada, deve ir para o Panteão Nacional? Será uma fixação mórbida de matilha?

São muito estimáveis os testemunhos de várias personalidades (Mário Cláudio em directo, em casa, outros por telefone pré-gravado, Isabel Pires de Lima em estúdio) das quais a RTP lançou mão para preencher a notícia da morte de Agustina Bessa-Luís, ocorrida hoje.

Estou a matutar, pensando nos 131 anos de vida do "Jornal de Notícias" que hoje se comemoram, em duas dimensões da efeméride que justificam reflexão.