No tempo das mimosas


Mimosa, pormenor - folhas e flores.
(Foto em 15 de Fevereiro de 2019, na Maia)
Nos primeiros meses do ano, pinta de amarelo encostas e bordas de estradas. Inspirou poetas, teve honras de festa minhota (a Festa da Mimosa, em Viana do Castelo, até aos anos 1980) e ainda hoje colhe simpatia popular. Mas a mimosa (acacia dealbata) é uma das piores plantas invasoras no país, incluindo em áreas protegidas.


Distingue-se pelas folhas perenes, verde-acinzentadas, compostas por mais de duas dezenas de segmentos, com uns mais de 50 pequeníssimos folíolos cada. E pelas flores, amarelo-vivas, milimétricas, agregadas em inflorescências formando grandes cachos.
Árvore de grande porte, originária do Sudoeste da Austrália, foi introduzida em Portugal para fins ornamentais, estabilização de solos e obtenção de madeira. Veio para invadir, expandindo-se em força.
Em ambientes de terrenos frescos em vales, zonas montanhosas, margens de cursos de água e de estradas, rebenta rapidamente  após os cortes e brota de de sementes guardadas no solo, especialmente após os incêndios, dramáticos factores de propagação.
Formando povoamentos muito densos, gera impactes sérios: impede o desenvolvimento da vegetação nativa (amieiros, choupos, carvalhos...), diminui a produtividade florestal, reduz o fluxo das linhas de água, agrava a erosão, causa alergias e custa milhões de euros a controlar.
Apesar da severidade dos efeitos, faltam políticas públicas, vontade, estratégias e meios para controlar a espécie.
Mimosa: árvore junto da estação ferroviária de Sangemil, Águas Santas, Maia. Aqui isolado, com imponente efeito ornamental, prolifera em povoamentos infestantes em muitas zonas do concelho
(Foto: 15 de Fevereiro de 2019)
(Este texto foi recuperado adaptado de uma série de fichas e um suplemento especial, que publiquei em Dezembro de 2013, sobre plantas invasoras, no âmbito de uma parceria entre o "Jornal de Notícias" e um importante projecto de investigação e acção da Universidade de Coimbra e do Politécnico de Coimbra, que lançou sementes extraordinárias e pode ser conhecido no sítio invasoras.pt. Publico-o porque, estando nós ainda em "plena" época das mimosas e supondo muita gente que conheço que se trata de uma "árvore típica portuguesa", creio ser útil divulgar alguma informação sobre a espécie.)    

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