Notícias para desocultar

Se não sabiam, ficam a saber


Edição Nº 16 | 2018-12-21

ESTADOS UNIDOS RETIRAM-SE DA SÍRIA

Vinda de onde vem, a notícia é para ser encarada com cautela. No entanto, até decisão em contrário, a Administração Trump mandou retirar as suas tropas que estão ilegalmente na Síria, confrontada com uma profunda alteração da relação de forças no terreno. O reforço do apoio defensivo russo a Damasco alterou as regras do jogo, o número de ataques da "coligação internacional" caiu em flecha e desde 18 de Setembro que Israel não se atreve a fazer qualquer incursão sobre território sírio.
Não é de estranhar, portanto, que as barreiras levantadas à agressividade e ao expansionismo imperiais causem mossa. Neste Nº16 de O Lado Oculto, já online, deitámos o Pentágono e a NATO no divã. O diagnóstico não surpreende, mas explica muito sobre o estado deplorável em que o mundo se encontra: paranoia e esquizofrenia. A Aliança Atlântica, então, esmera-se ao imaginar os cordelinhos manipulados por Putin chegarem a todo o lado, dos separatismos catalão, de Porto Rico, do Hawai e do Texas ao Brexit, coletes amarelos e eleições onde quer que se façam.
Mas nem a NATO nem os seus braços aprendem com os factos e continuam à procura de mais do mesmo. Nos Balcãs, permitem que as suas criaturas terroristas islâmicas do Kosovo ousem transformar-se em exército regular, ofendendo as normas internacionais em vigor; na Ucrânia, o nazismo governante começou a pensar em deitar mãos a armas nucleares, confrontado como está com uma irreversível deterioração político-social e o impasse na guerra que move contra as comunidades russófonas do território; nas Américas, insistem na obsessão de invadir a Venezuela, o que fez com que um dos arautos da ideia, Luís Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) tenha sido expulso da coligação política que, anteriormente, o levou a chanceler do governo do Uruguai; a própria ONU parece contaminada: inerte perante os riscos que ameaçam os Balcãs, entende também que o combate à contínua degradação política, social e humanitária no paupérrimo Haiti deverá assentar em mais efectivos policiais.
Ainda nas Américas, vale a pena ler o trabalho que nos explica como Jair Bolsonaro vai colocar à frente da sua diplomacia um homem, Ernesto Araújo, pronto a "fazer limpeza" na casa por onde já passaram grandes figuras humanitárias da cultura brasileira e da língua portuguesa como Luís de Souza Dantas, João Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto e Vinícius de Moraes. Sinal dos tempos.
Sinal dos tempos é também a operação "Fake News", o fenómeno em andamento que, partindo de preocupações legítimas e inquietações justificadas, tem uma ambição censória cada vez mais evidente no afã de asfixiar, desacreditar, silenciar, perseguir as vozes que explicam haver mundo para além da versão oficial e global mainstream dos acontecimentos.
Ainda sinal dos tempos, de todos os tempos, é a incapacidade de Portugal segurar os seus cidadãos activos, capazes e bem preparados, de modo a contribuírem para o desenvolvimento do país. Avaliamos as causas da emigração e as conclusões são inquietantes: começámos pela intolerância e estagnamos na falta de respeito pelo trabalho dos portugueses.

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