Declarações de interesses
Em debates e noutras iniciativas,
o saudoso Oscar Mascarenhas mostrava com frequência o cartão em que está
impresso (nas duas faces) o decálogo do Código Deontológico dos Jornalistas,
chamando a atenção para o formato: idêntico, nas dimensões, aos cartões bancários.
Depois, com um entusiasmo sempre renovado, rematava: “É o nosso cartão de
credibilidade!”
Tem-me ocorrido esse magnífico
recurso do Oscar, do qual eu próprio também passei a lançar mão em situações
semelhantes, sempre que leio ou ouço propor a necessidade de os jornalistas
passarem a declarar regularmente os respectivos interesses.
Sem querer julgar a probidade de
ninguém, mas receando que algum efeito perverso poderá ter o que me parece ser
um excesso de voluntarismo, creio ser amparo ético suficiente a parte final do preceito
10.º do Código Deontológico: “O jornalista não deve valer-se da sua condição profissional
para noticiar assuntos em que tenha interesse”.
Cuidado! À conta de tanto
forçarmos a nota nesses assomos de virtude, não estará longe o risco de vermos
definitivamente capturado o que resta aos jornalistas dos direitos, liberdades
e garantias…