Que grande falta nos fazes, Oscar!
Passa hoje
um ano. Sei que era de manhã, que andava no escritório à volta de uns escritos
que ainda hoje tenho pendentes e que o telemóvel tocou. No ecrã, surgiu a
imagem provocadora do Oscar – exactamente aquela que vos recordo na ilustração
deste texto – a pré-anunciar-se.
Preparei-me
para entrar na conversa com galhofa, como acontecia tantas vezes. Na véspera,
tivéramos, por telefone, a derradeira das inúmeras conversas e apaixonadas reflexões sobre práticas profissionais, deontologia e
liberdades.
Discutimos a tensão dialéctica entre deveres profissionais dos
jornalistas, limites ao uso pessoal de redes sociais e risco de captura da
liberdade de expressão dos jornalistas pelas empresas.
Como noutras ocasiões, não estivemos completamente de acordo. Mas
haveríamos de voltar ao tema. Como voltávamos de outras vezes, mesmo que não
ficássemos completamente de acordo, ou que divergíssemos em aspectos que a
ambos pareciam essenciais, mas que nos enriqueciam.
De modo que supunha que o Oscar voltava à liça. Porém, do outro
lado da “linha” surgiu-me a voz da Carolina, dando-me a triste notícia da morte
do pai.
Penso muitas vezes nisto – no momento trágico da notícia, na
conversa definitivamente inacabada e na imensa saudade que sinto –, ao observar
o quotidiano do Jornalismo, na falta que o Oscar Mascarenhas nos faz e como nos
empobrece tanto a sua ausência.