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A mostrar mensagens de fevereiro, 2016

Trégua na Síria será para valer?

Entrou em vigor a trégua de duas semanas a observar pelas Forças Armadas da Síria e seus aliados, por um lado, e a miríade de grupos armados da oposição (uma centena) e seus aliados, por outro, que se enfrentam há cinco anos numa devastadora guerra civil. Proposto conjuntamente pela Federação Russa e pelos Estados Unidos da América, o cessar-fogo foi aprovado por unanimidade pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas - o que lhe confere um peso especial. A trégua não abrange - e seria impossível abranger - o auto-denominado Estado Islâmico e da filial síria da Al Qaeda, a Frente Al Nusra, sendo legítimo recear que estes tentem aproveitar a suspensão das hostilidades para procurarem recuperar terreno, e sendo evidentemente expectáveis correspondentes respostas armadas. Mas não é esse o único - e já não é nada pouco - desafio colocado aos dois lados do conflito civil. É também o da enorme complexidade do controlo do cessar das operações por tão multiplicadas e diversificadas força

Geringonça, o tanas!

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Estou como o Ferreira Fernandes, na sua crónica de hoje, na última página do “Diário de Notícias” – “Geringonça, o tanas!”. Mas por mais razões além daquela, que tem a ver com a cristalina aritmética da correlação parlamentar de forças, que FF tão brilhantemente explica. O caso é que o termo “geringonça”, como referência à solução parlamentar que dá suporte ao governo do PS, está a impor-se. Melhor, está a ser imposto pelo sistema que tem exactamente o poder de impor – o sistema mediático. Sumaríssima e superficialíssima arqueologia do tema: algures, já nem sei a que propósito, Vasco Pulido Valente terá usado o termo para designar não sei o quê; depois, Paulo Portas, ainda presidente do CDS-PP e deputado, retomou-o para zurzir a solução parlamentar já referida. A tirada teve efeito. Como se fora uma manchete dos velhos tempos do “Independente”, colou. Colou entre os jornalistas – primeiro como pilhéria, depois como conceito. É aqui que bate o ponto. No primeiro registo, a malta

Serviço giro de televisão

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A RTP1 transmitiu ontem um debate com o ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e o ex-alto comissário para os refugiados, António Guterres – ambos antigos primeiros-ministros portugueses. O tema – “Que mundo é este?” – reveste inegável interesse jornalístico, dada a situação preocupante e extremamente complexa em que a Europa e o Mundo se encontram. E os intervenientes, por muito discutível que seja a actuação nomeadamente de Durão Barroso, seriam qualificados para o tratar. Mas não é esse o ponto. Nem sequer é do conteúdo da iniciativa que cuido de tratar aqui. O ponto são três aspectos simbólicos, aparentemente marginais ao referido debate, mas que não devem ser deixados em claro pelos significados que encerram, pelos sinais que transmitem e pela exigência de transparência que colocam. Primeiro – a génese e a autoria da iniciativa. O debate é apresentado como resultado de uma “parceria entre a RTP e a Fundação Francisco Manuel dos Santos” (FFMS), que tem como

Podem ir à vida

O presidente do PSD anunciou hoje que a sua bancada votará contra a proposta de Orçamento do Estado (OE) na votação na generalidade, que não apresentará qualquer proposta na discussão do OE na especialidade e que se absterá em relação a qualquer proposta de outro partido apresentada na discussão na especialidade. Pedro Passos Coelho comporta-se como um jotinha excitado com a sua própria invenção táctica, mas bem merece um bom par de açoites dos eleitores, por tal ideia ser tosca e infantil e por ostensivamente mandar às malvas as obrigações dos deputados. O PSD pode, legitimamente, votar na generalidade contra um OE do qual diz discordar profundamente. Mas os deputados eleitos nas suas listas – e a sua bancada, colectivamente – não podem declinar o direito-dever de intervir activamente na discussão na especialidade, seja para anuir em relação a esta ou aquela proposta, seja para contrapor alternativas ou para contribuir para melhorar as que estão sobre a mesa.  Suponho eu que os

De Domingos Abrantes, para reter, duas reflexões muito importantes

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Numa grandíssima entrevista publicada hoje no “Diário de Notícias”, respondendo a Valentina Marcelino, Domingos Abrantes diz isto (excerto da primeira parte ):   “No tempo do fascismo, durante o qual ele foi ministro, eu estava na cadeia. Hoje, no Portugal de Abril, para o qual ele não contribuiu obviamente, ele pode ser conselheiro de Estado, deputado... resta saber se Adriano Moreira tira alguma conclusão da diferença. ” Mais adiante , questionado sobre as reacções anti-comunistas perante o acordo com o PS, acrescenta (excerto): “Agora o anti-comunismo ressurgiu com uma virulência enorme. Muita gente tirou a máscara. Mas para nós, o problema não é tanto em relação ao partido, pois sempre vivemos com isto. A maior preocupação é com o que isto pode significar em termos de ameaça à democracia.”  

Media: a diferença entre uma coisa e outra

Suponho ter experiência profissional, inquietação cívica e reflexão sobre os Media suficientes - perdoem-me a presunção - para questionar os alinhamentos editoriais destes dias. E, sobretudo, para perguntar se os jornalistas, aos quais cabe (formalmente, sei...) o comando editorial dos Media, fazem as suas opções em função do que público quer ler/ver/ouvir ou do que, em consciência e juízo crítico, o público deveria saber. É que há um mundo tão grande de diferença entre uma coisa e outra...

Atentado em Ancara: Razões para recear o pior

Até ao momento, não foi reivindicada a autoria do atentado desta tarde em Ancara, capital da Turquia, que causou pelo menos 28 mortos e seis dezenas de feridos, segundo a imprensa internacional. Seja de quem for a autoria da operação, que visou alvos militares (autocarros com elementos, talvez oficiais, do Exército turco), a ocorrência é especialmente grave no contexto da semana em curso. Não obstante os esforços internacionais e da ONU com vista a uma trégua na Síria que permita a passagem de ajuda humanitária a zonas sitiadas nos vários, diversificados e complexos teatros de operações, a Turquia encetou uma escalada de violência e prepara com a Arábia Saudita uma ofensiva que pode degenerar numa guerra em larga escala. Ancara assume mesmo que pretende uma invasão da Síria, pelo que tem apelado aos seus aliados – incluindo os Estados Unidos da América e a NATO – para que avancem com uma intervenção terrestre na Síria. Os objectivos são muito claros – e a Turquia nem se dá ao

No 85.º aniversário do "Avante!"

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N.º 2202, de 11 de Fevereiro de 2016 O semanário “Avante!” completa hoje 85 anos de publicação, 43 dos quais na mais completa clandestinidade e com o sacrifício heróico de tantos e tantos militantes do Partido Comunista Português (PCP), que o redigiram, compuseram, imprimiram e distribuíram, arrostando toda a sorte de perigos e com sacrifício da liberdade, da integridade física e da própria vida. Órgão central do PCP desde 15 de Fevereiro de 1931, foi criado na sequência da reorganização do Partido em 1929, sob a direcção de Bento Gonçalves – que viria a morrer no campo de concentração do Tarrafal em Setembro de 1944 – tendo registado uma regularidade muito acidentada até 1939, devido às difíceis condições da resistência. N.º 1, de 15 de Fevereiro de 1931 Com a reorganização do PCP em 1941, já com Álvaro Cunhal, o “Avante!” adquire uma regularidade assinalável, chegando a ter periodicidade quinzenal e mesmo semanal, e afirmando-se como publicação com um papel centr

Ou o mundo vai mesmo acabar

Enigma. Se a malta que nasceu entre 1994 e 2012 pertence à Geração Z, e se o alfabeto acaba em Z, significa que os putos nascidos desde 2013 já não pertencem nenhuma geração porque o mundo acaba por aqui?

Quando uma pergunta mostra todo um programa

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O primeiro-ministro concedeu ao "Expresso" uma entrevista muito interessante. Por exemplo, com perguntas como esta, que não é bem uma pergunta - é todo um programa de uma imprensa que ainda não se conformou com os acordos parlamentares à esquerda.

Sobre a utilidade do jornalismo fútil

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Confesso. É provável que seja um bocadinho antiquado, mas não encontro valor de notícia nas inúmeras futilidades que os jornais publicam – e especialmente nas edições em linha – das vidinhas de vedetas. É o jogador tal que comprou, não sei se um carro se uma camisa nova; a modelo que, pela enésima quadragésima sexta vez, "arrasou" numa sessão fotográfica “ousada”; tal ou tal pessoa que publica nas redes sociais fotos da casa nova… Dei-me a pensar nisto ao ler hoje no “Observador” uma notícia que dá a conhecer ao mundo pelos vistos um feito extraordinário, que consiste na criação, no Twitter, de uma conta fictícia e de paródia de António, pelos vistos a segunda, que já ia nuns quantos seguidores (coisa nunca vista, uns 400!). Não sei que audiência tais futilidades trazem aos jornais e que valor acrescentam ao jornalismo, mas desconfio que serão de utilidade para alguém.        

Terça-feira de Carnaval a feriado nacional

Hoje é Terça-feira de Carnaval, dia feriado em boa parte dos sectores de actividade e empresas privados e também nas empresas do sector empresarial do Estado, por força dos inúmeros instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho. Só não é feriado nas administrações públicas central e local, porque os governos insistem em usar a faculdade, isto é, o poder arbitrário, de decidir conceder a chamada tolerância de ponto, como se tratasse de uma concessão, de um favor. Embora coloque os trabalhadores em funções públicas em quase igualdade de condições em relação a boa parte dos restantes trabalhadores (que já têm reconhecido o feriado em grande parte das empresas e sectores de actividade, insiste-se), a figura da “tolerância” é entendida por muita gente como um privilégio dos funcionários públicos. Além de colocar os trabalhadores das administrações públicas numa situação de falso privilégio, bem como de permitir que os governos os mantenham em angustiante incerteza até vésperas

Se não peço demasiado...

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Extracto da entrevista do ministro das Finanças, Mário Centeno, no "Expresso" de hoje E o senhor jornalista dê-me uma boa razão para que os trabalhadores do sector privado não trabalhem também 35 horas.

Salgalhada em preparação

Noticia o "Expresso" que Marcelo Rebelo de Sousa tem estado a ouvir ministros e que vão ouvir mais, como eleito Presidente da República. Não se sabe se é apenas para se preparar para o cargo, ou se esta prática vai prosseguir depois da sua investidura. Em qualquer dos casos, suponho que tal não deveria acontecer, porque a relação entre o Presidente e o Governo deve ser feita exclusivamente através do primeiro-ministro, como decorre da Constituição da República. Tudo o mais só vai dar salgalhada.

Dos lugares comuns

Se for ainda a tempo, como espero, gostaria de formular um pedido a políticos, comentadores políticos, editorialistas, colunistas e outros escreventes, jornalistas e ofícios correlativos. A saber: Por favor, por caridade mesmo, abstenhai-vos de escrever que este primeiro-ministro, ou este governo, é, - ou não é - "um bom aluno". Além de infantilizadora, a expressão denota pouco respeito por qualquer ideia de soberania. E desrespeito desse já houve que chegue. Agradecido

Notícias sobre o estado da soberania portuguesa

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Salvemos a vida do poeta palestino Ashraf Fayadh, condenado à morte na Arábia Saudita!

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Ashraf Fayadh (Foto obtida algures da Internet, com a devida vénia e sem querer usurpar os direitos de autor.  Mas impunha-se a ilustração, pela importância da causa)  Ashraf Fayadh (n. 1980) é um artista e poeta de origem palestina (Khan Yunis, Faixa de Gaza) que nasceu e vive na Arábia Saudita. Em Novembro de 2015 foi condenado à morte por apostasia (abandono do Islão) devido ao conteúdo do seu livro de poemas Instruction Within, de 2008. Fayadh foi detido pela polícia religiosa em 2013, em Abha, no sudoeste da Arábia Saudita, em seguida libertado sob caução, e depois novamente preso e julgado no princípio de 2014. Foi condenado a quatro anos de prisão e a 800 chicotadas. Recorreu da sentença mas o seu recurso foi recusado; de novo julgado por um tribunal de primeira instância, os juízes condenaram-no à morte, já que a apostasia é punível com a morte na monarquia teocrática saudita. O próprio Fayadh continua a afirmar que é muçulmano praticante e nega todas as acus