Presidenciais: rotulagem obrigatória

Não é necessário ir mais longe. Fiquemo-nos pelos telejornais em sinal aberto da hora de almoço de hoje, para anotar a forma como cada operador televisão apresenta cada um dos candidatos às eleições para Presidente da República.

Em síntese,
a) Em nenhum dos três Marcelo Rebelo de Sousa foi apresentado como o candidato apoiado (ou “recomendado”) pelo PSD e pelo CDS-PP, apesar de tal “recomendação” existir, nem invocada a sua qualidade de militante e ex-dirigente e ex-deputado do PSD, pois todos eles se lhe referiram simplesmente como “o candidato” ou pelo nome;
b) Em todos eles Edgar Silva e Marisa Matias foram apresentados como os candidatos apoiados, respectivamente, pelo PCP (a SIC acrescenta pelo PEV e a TVI refere também, mas incorrectamente, pela CDU) e pelo BE;
c) A RTP e a SIC mencionam apoios de várias figuras do PS a Maria de Belém, mas omitem que esta é militante e foi dirigente e deputada do PS e que conta com o apoio de uma parte do PS, enquanto a TVI refere vagamente a “experiência partidária e política” da candidata;
d) A SIC menciona o apoio de um dos fundadores do PS (António Arnaut) a Sampaio da Nóvoa e a TVI refere-o também, mas acrescenta que, “sem o apoio formal do PS, tem muitos socialistas a seu lado”, enquanto a RTP apenas menciona o apoio (numa das acções de campanha) de uma personalidade do PS;
e) Nenhum dos serviços diz que Maria de Belém Roseira e Sampaio da Nóvoa são apoiados por partes diferentes do PS;

Ora, de duas, uma: ou os pivôs e repórteres das televisões passam a apresentar o candidato Marcelo Rebelo de Sousa como “o candidato apoiado pelo PSD e pelo CDS”, ou passam a apresentar todos apenas pelo nome.
Será pedir muito?


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