Presidenciais 2016: candidatos na arena

Começou hoje a "maratona" de debates televisivos com os candidatos a Presidente da República. O modelo mais seguido é o "frente-a-frente" a dois, mas excluindo três candidatos que o sistema mediático definiu como menores - ou menos "interessantes". 
Para tornar "interessante" o espectáculo, a TVI decidiu montar, quase à última hora, um "show" para Marcelo Rebelo de Sousa: nada menos do que este sozinho na arena com os tais excluídos.
Insatisfeito, Marcelo largou esta tarde a cartada mediática da "proposta" à TVI para que organizasse ainda esta noite - já após a sua arenada com os "pequenos" e pela madrugada dentro - uma série de debates sucessivos com os outros quatro. A tirada teve efeito: foi notícia a valentia.
Não sabemos como teria reagido a direcção da TVI à proposta. Mas esperemos que tenha sido um redondo não. Porque é do mais elementar bom senso não incomodar os outros candidatos com tamanha indecência, pela simples razão de que estes não têm de estar à disposição para as tiradas espontâneas e inspiradas em valentia bacoca do senhor professor.
Coisa muito diferente é discutir o problema de fundo: a utilidade de maratonas a dois ou o maior proveito de debates com todos os dez candidatos, em qualquer caso sem exclusões nem discriminações.
A RDP/Antena 1 realiza já na segunda-feira um debate com todos os dez já na segunda-feira de manhã; e a RTP1 colocará todos no mesmo plateau no dia 19. Trata-se de um desafio enorme, mas também importante: os Serviços Públicos de Rádio e de Televisão são chamados a demonstrar que é possível realizar debates com todos os candidatos e colocar todos em pé de igualdade a explicar as suas ideias. 
Só podemos desejar que resulte. Mas também que, se não resultar desta, se tente numa próxima oportunidade. A liberdade de expressão e a liberdade de imprensa também comportam essa dimensão da igualdade de oportunidades. Caso contrário, representam um curto arremedo de liberdade que pouco aproveita à cidadania.
Como é bom de ver, não faltam críticas ao modelo. Entre outras, há uma que não pode colher: a de que tais debates durarão umas duas horas e ninguém terá pachorra para eles.
Não vemos, porém, tais críticos verberar o fastidioso e frequentemente inútil modelo de muitos painéis, com os comentadores do costumeiro pensamento único, que tantas vezes se arrastam horas na pantalha.
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