Marcelo, o ungido pelos Media
Sampaio
da Nóvoa esteve cheio de razão, esta noite, no debate, na SIC, com Marcelo
Rebelo de Sousa, quando lhe disse, olhos nos olhos, que a democracia – e a
criação de condições para a participação democrática – custa dinheiro e que a
ditadura era mais barata.
Marcelo
Rebelo de Sousa mereceu ouvir isto, por causa do completo e insustentável
despudor com que tem criticado os “custos exorbitantes” (“milhões”, diz ele)
das campanhas eleitorais; assim como tem merecido ouvir de Edgar Silva que ele,
além de beneficiar da extensa e permanente exposição mediática de tantos anos, foi
(supõe-se que generosamente) pago por ela.
Ainda
hoje, aliás, foi divulgado um estudo
do ISCTE segundo o qual o estatuto de celebridade televisiva está a
beneficiar o candidato apoiado pelo PSD e pelo CDS-PP.
Mais:
parece muito claro que Marcelo segue em direcção ao Palácio de Belém ao colo da
comunicação social, que em inúmeras peças e comentários o dá, há muito, como
vencedor, dispensando as sondagens e parecendo dispensar o essencial, que é a
própria decisão popular.
E
há afloramentos – acredito que involuntários – da escolha mediática. Justamente
esta noite, ao terminar o debate, a moderadora, Clara de Sousa, rematou com uma
pergunta expressamente dirigida a Marcelo:
“Esta
parte final é para o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa: Qual é marca de água que
quer deixar em Belém e qual é a primeira coisa que quer fazer quando chegar (e,
agora, muito baixinho, quase imperceptível) se for eleito?”
Já
nem pergunto por que razões quase não se ouviu a parte final (“se for eleito”),
porque é provável que não tenha aguentado a respiração, mas pergunto por que
razões não fez a mesma pergunta a Sampaio da Nóvoa (não tenho presente se a SIC
a fez, antes, a outros).