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A mostrar mensagens de 2016

Da falta de pudor e de decência

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Subsídio para o estudo das práticas profissionais nos media: Um exemplo de mau gosto e manifesta falta de bom senso.

Más notícias de 2016

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1. As Forças Armadas Sírias e seus aliados libertaram, na semana passada, a cidade de Alepo, com a reconquista dos bairros da zona leste, que estava subjugada por dezenas de grupos terroristas, incluindo jiadistas, as diversas metamorfoses da al Qaeda e o que restava do "Exército Sírio de Libertação", a que a propaganda ocidental e os seus ecos na imprensa dominante chamam "oposição moderada". Trata-se de um acontecimento militar e político da maior relevância. Mas muitas notícias sobre esse desfecho mais pareceram elegias fúnebres, numa mal dissimulada ladainha complacente com os terroristas e num incontido despeito em relação ao governo sírio e aos significados que encerra. Não é por acaso que muitos internautas têm deixado a pergunta: um terrorista é mau na Europa, mas é amigo na Síria? A cobertura mediática da situação na Síria é umas principais marcas do comportamento dos media no ano que termina, recomendando uma honesta autocrítica dos próprios jor

O “caso das secretas” e a liberdade de informação

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Pode haver quem pense que os jornalistas, de tanto viverem com excessiva frequência em circuito fechado, se lançam sobre os assuntos que lhes dizem respeito com um fervor corporativo desproporcionado. Não foi isso o que aconteceu no tratamento noticioso e na reacção da classe em relação a um importante acórdão proferido no passado dia 18 de Novembro pela 1.ª Secção Criminal da Comarca de Lisboa. Pelo contrário, foi subestimado o que estava em causa. A decisão diz respeito a um conjunto de factos muito graves, envolvendo o antigo director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), Jorge Silva Carvalho, e outros elementos desses serviços secretos na área externa e, ainda, uma funcionária de uma operadora de telecomunicações. De entre os factos julgados e provados, destaca-se aquilo a que o Tribunal designou "acesso indevido a dados pessoais" do jornalista Nuno Simas (à época ao serviço do Público ), mas que, na realidade, foi um atentado completamente i

Expectativas messiânicas

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Retomando leituras atrasadas, estou a pensar na expectativa messiânica que a Imprensa tantas vezes deposita nos homens de poder. É o caso de Paulo Macedo, um homem forte do aparelho da direita e da corrente privatizadora, alcandorado ao cargo de presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Estou também a pensar no psicodrama político, ainda em curso, das nomeações, desnomeações, demissões e novas nomeações dos gestores da CGD e respectivos salários e prémios, tudo isto ao sabor e aos critérios do mercado privado de competências. Interrogo-me sobretudo sobre o que falhou no sistema de serviços públicos – banca incluída – que não permitiu formar uma plêiade de quadros, altos quadros e quadros de topo, animados por uma cultura própria e por um indestrutível espírito de causa pública.

Eu e Fidel Castro

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Conheci Fidel Castro no dia 12 de Novembro de 1999, quando O Comandante foi à Aula Magna da Universidade de Havana presidir à cerimónia de encerramento do VIII Congresso da Federação Latino-Americana de Jornalistas (FELAP, no acrónimo em Espanhol) e de abertura do VI Encontro Ibero-Americano de Jornalistas. Muito mais importante do que a memória pessoal das breves palavras de cortesia e de circunstância que com ele troquei no átrio da Aula Magna, envolvido, à chegada, pela Direcção da União de Jornalistas de Cuba e pelos representantes das delegações das organizações participantes (Fidel estava muito curioso por conhecer “os dois portugueses” – eu próprio e o meu camarada Martins Morim), foi o magnífico discurso que proferiu depois perante o auditório. Sem papéis – nem sequer um pequeno papel com os tópicos essenciais do que pretendia transmitir-nos, Fidel discorreu sobre os extraordinários desafios que, naqueles tempos muito difíceis, se colocam a todos os intelectuais.

Um congresso diferente dos outros

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Estou a pensar, olhando para o convite para assistir ao XX Congresso do Partido Comunista Português, que, por várias razões, não posso (mais uma vez) estar presente em Almada, mas que me é muito grato confirmar, assistindo aos trabalhos em directo, através do sítio electrónico do PCP, a qualidade, a dedicação, a camaradagem e a generosidade imensas que povoam aquele pavilhão. E como o ponto alto de um longo, democrático, activo e participado processo preparação e discussão (em largas centenas de reuniões e milhares de militantes) das teses ali chegadas sob a forma de Proposta de Resolução Política, bem como a qualidade, a riqueza e a diversidade e, ainda, a justa repartição do tempo das intervenções e a atenção e respeito com que todas são ouvidas – independentemente de quem as profere – constitui uma prática única, verdadeiramente democrática. Estou também a pensar na qualidade de vida dos jornalistas. Nos congressos do PCP, não precisam de soar as estopinhas correndo atrás da

À distância de um “linguado”

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Arrumando velhos papéis, estou a pensar, olhando este “linguado”, no extraordinário, rápido e profundo salto tecnológico operado nos últimos 35 anos na Imprensa e na pergunta que, em várias ocasiões e universidades, estudantes me fizeram nas minhas andanças em conferências e colóquios (“Como é que a sua geração se adaptou às novas tecnologias?”) e na resposta que lhes dei: “Foi a minha geração que as inventou”. Esta observação não tem nada de sobranceria geroncrática e muito menos de saudosismo pelo tempo em que os jornalistas escreviam os textos à máquina (e alguns ainda à mão…) em folhas normalizadas como esta – e antes desta, lisas, também chamadas –, que corporizavam passos decisivos que nos anos 1980 foram dados na inexorável transformação tecnológica do sector. Estou apenas a pensar que ela talvez ajude a reflectir sobre os modos como todos podemos ser felizes no Jornalismo, independentemente das épocas, das ferramentas e das técnicas – das mais antiquadas às mais modern

Liberdade de Imprensa e sigilo dos jornalistas

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Notícias dos jornais diários de 19 de Novembro de 2016 No passado dia 18, foi proferida uma decisão histórica. Embora tenha sido anunciado o recurso de dois ou três dos condenados, não deixa de ser uma decisão histórica que seguramente será confirmada pela Relação de Lisboa e, se for o caso, pelo Supremo Tribunal de Justiça. Trata-se de uma decisão histórica para o Jornalismo livre e para a Liberdade de Imprensa, especialmente no que tange à protecção do sigilo profissional dos jornalistas, e em particular à preservação da confid encialidade dos dados das comunicações efectuadas ou recebidas por jornalistas. Devemos essa decisão à coragem, firmeza e determinação do jornalista Nuno Simas, ao conselho competente e avisado dos drs. Horácio Serra Pereira e Paula Tanganho (Gabinete Jurídico do Sindicato dos Jornalistas) e ao empenhado trabalho dos drs. Raquel Coimbra e Tiago Basto (que prestam serviço ao SJ). Só tenho muita pena que quem devia ainda não percebeu

Liberdade de Imprensa e sigilo dos jornalistas

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Notícias dos jornais diários de 19 de Novembro de 2016 No passado dia 18, foi proferida uma decisão histórica. Embora tenha sido anunciado o recurso de dois ou três dos condenados, não deixa de ser uma decisão histórica que seguramente será confirmada pela Relação de Lisboa e, se for o caso, pelo Supremo Tribunal de Justiça. Trata-se de uma decisão histórica para o Jornalismo livre e para a Liberdade de Imprensa, especialmente no que tange à protecção do sigilo profissional dos jornalistas, e em particular à preservação da confid encialidade dos dados das comunicações efectuadas ou recebidas por jornalistas. Devemos essa decisão à coragem, firmeza e determinação do jornalista Nuno Simas, ao conselho competente e avisado dos drs. Horácio Serra Pereira e Paula Tanganho (Gabinete Jurídico do Sindicato dos Jornalistas) e ao empenhado trabalho dos drs. Raquel Coimbra e Tiago Basto (que prestam serviço ao SJ). É pena que quem devia ainda não percebeu nada do que estava - e está -

Avenida da Liberdade, n.º 266 - Lisboa

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Antes que este dia acabe, chamo a atenção para a última "coluna" que a jornalista Fernanda Câncio escreveu na Avenida da Liberdade, n.º 266, em Lisboa, e no talento e na coragem que lhe admiro, não obstante divergências que temos sobre dois ou três assuntos. Estou a pensar no que este texto tem de coragem e de reflexão sobre as nossas omissões e demissões colectivas, a indiferença pelos lugares e os significados do afastamento - físico e simbólico - dos centros das cidades de cujo pulsar e de cujo pensar os jornais foram propulsor vital.

Desafios sem manual de instruções

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O dia 9 de Novembro de 2016 ficará na história da comunicação social portuguesa como o dia em que um cidadão suspeito da prática de crimes se entregou à Polícia perante equipas da RTP e do Diário de Coimbra , depois de ser entrevistado. A RTP transmitiu mesmo em directo os agentes levando algemado «o homem mais procurado do país».   Não há dúvidas de que foi «um momento único de televisão», prolongado em sucessivos serviços com abundante difusão de extractos, com ponto alto nos programas «Sexta às 9», com a transmissão da entrevista – supõe-se que na íntegra – e «Sexta às 11», que a complementa com reportagens, depoimentos e convidados em estúdio, nomeadamente os advogados de Pedro Dias. Também não há dúvidas de que o programa da RTP registou audiências retumbantes, aliás exuberantemente celebradas. Porém, permanecem muitas interrogações sobre se terá sido um momento edificante para o Jornalismo. Segundo foi revelado, os jornalistas – da «inteira confiança» da advogada

Memórias de papel

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Suponho que acontece a muita gente. Em maré de arrumar papéis e velhos jornais e revistas, cola-se aos dedos a angústia de hesitação – Deito fora?, não deito; deito fora?, é melhor guardar mais algum tempo…  –, dolorosamente espicaçada pela escassez de espaço. Acontece-me e passo tempos infinitos com sacadas de papelada a disputar espaço vital à circulação no escritório de casa. A coisa explica-se facilmente. Temos sempre muita pena de dar sumiço ao que começamos por guardar na convicção de que algum jeito nos virá a fazer. Lembro-me que Eduardo Lourenço confessou, numa entrevista que hei-de ter algures por aqui, que guardava compulsivamente (esta adjectivação corresponde a conclusão minha, não creio que o entrevistado a empregasse nessa ocasião) recortes sem que lhes visse utilidade imediata. Dá-se o caso de estar, por estes dias, a desbastar pilhas de papéis e jornais e de ter dado com o curioso n.º 6911 do jornal “Público”, correspondente à sua edição de 5 de Março de 200

Sobre o caso da "entrega" de Pedro Dias em directo e uma entrevista

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Estou a pensar na entrevista ao "homem mais procurado do país" que a RTP1 divulgou, ontem, na íntegra, no programa "Sexta às 9", e em todo o conteúdo do programa "Sexta às 11" que se lhe seguiu na RTP3, os quais só há pouco pude ver. Estou a pensar sobretudo nas imensas dúvidas - e muito mais dúvidas do que respostas - que ambos os programas deixaram na minha cabeça.   Como, por exemplo, a que tem a ver com a questão de saber se é correcto aceitar ser instrumento na estratégia  de advogados; e a quem tem a ver com um importante, mas talvez postergado, preceito deontológico que manda o jornalista atender às condições em que o potencial entrevistado reúne para conceder a entrevista. E, ainda, a de saber se a entrevista e, sobretudo, a notícia em directo sobre a detenção ("entrega", disse a advogada...), além de satisfazerem objectivos congeminados pela Defesa (e aqui há claro risco de instrumentalização), correspondem mais ao propósito

Directos porque sim

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Um excitante motivo de reportagem em directo dessa coisa da web summit: a malta a comer hamburgueres e cachorros. Nem uma bifana, nem nada mais decente?... .

Conquistas dos direitos democráticos

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Agenda. Um acontecimento editorial que vale a pena: .

Uma besta carregada de livros

Escusam de andar a estimular tanto os universitários com essas "cenas" dos voluntariados e das responsabilidades sociais. Um tipo que faz mesmo questão de postar-se, estratégica e ostensivamente, à frente de quem já esperava o transporte colectivo, de ser o primeiro a entrar e de não dar sequer a passagem a uma idosa de muletas só merece este nome: besta inútil carregado de livros (com perdão das propriamente ditas). .

Mais valia saberem do que falam

Vamos lá a ver. Por muito que os meus chefes e a minha empresa considerem útil, qualificado, competente e etc. o meu trabalho, eu não sou uma mais-valia para empresa; eu (e os meus camaradas de trabalho) gero mais-valias (lucros) para a empresa.   Estamos de acordo quanto à diferença?... .

O estranho caso da recusa do BE

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No passado dia 24 de Outubro, foi conhecida a informação de que o Presidente da República visitaria Cuba acompanhado por uma delegação parlamentar da Assembleia da República incompleta. O Bloco de Esquerda (BE) recusara o convite de Marcelo Rebelo de Sousa. Note-se bem: o verbo usado em todos os meios de informação foi exactamente aquele – recusar. Poderia ter sido outro – declinar, por exemplo. Ou outra fórmula – pedir escusa, por exemplo. Recusou, portanto. Para todos os efeitos, o BE tomou uma posição política muito concreta sobre a primeira visita de um Presidente da República português a Cuba, precisamente num raro contexto político internacional, caracterizado por um processo – aliás muito complexo – de evolução das relações entre Washington e Havana e pela condenação esmagadora do bloqueio económico, comercial e financeiro à ilha caribenha na Assembleia Geral das Nações Unidas (191 votos a favor, duas abstenções – dos próprios EUA e de Israel). O partido começou