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A mostrar mensagens de janeiro, 2015

Pobreza: a brutalidade indesmentível dos números

O Instituto Nacional de Estatística (INE) publicou hoje um destaque sobre o "Rendimento e Condições de Vida" que exibe um dramático e brutal cortejo de dados sobre a pobreza em Portugal, comprovando os efeitos devastadores das políticas económicas e sociais e desmentindo a propaganda do sucesso das medidas das tróicas. Por exemplo: Em 2014, 27,5% da população residente em Portugal, isto é, uns 2,7 milhões de pessoas, estavam em risco de pobreza ou exclusão social, devido à privação material severa, representando um aumento de 3,3 pontos percentuais em relação a 2010. Também no ano passado, 25,7% da população - mais de um quarto - viviam em privação material e 10,6% em situação de privação material severa, isto é, mesmo na pobreza. Em 2013, o risco de pobreza atingia 40,5% da população desempregada, com tendência para aumentar (eram 36% em 2010) e para se perpetuar, tendo em conta o agravamento do desemprego de longa duração. A desigualdade na distribuição dos rend

A revolta da classe média grega e nós

Com a urgência do que importa retransmitir, reencaminho: Grécia – "A revolta da classe média" – por Carlos de Matos Gomes http://aviagemdosargonautas.net/2015/01/27/biscates-grecia-a-revolta-da-classe-media-por-carlos-de-matos-gomes/ A crise financeira que começou em 2008 nos Estados Unidos com o subprime e que o sistema financeiro americano fez alastrar como um cancro para as dívidas soberanas da Europa, atacou principalmente aquilo que se designa por classe média e, em particular, as mais vulneráveis, as do sul da Europa, dos países que menos parcelas de produtos transaccionáveis de alto valor acrescentado colocavam (e colocam) no mercado global, os menos industrializados. Era pois natural que fosse esta "classe média" desprotegida e frágil a pagar as favas. Classe média é um conceito pouco rigoroso, mas contém a ambiguidade que acabou por ser o fermento da revolta que teve a sua expressão nas eleições da Grécia e na vitória do Syriza. Classe média inclui os que

Auschwitz-Birkenau, 70 anos

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Há 70 anos, a 27 de Janeiro de 1945, o Exército Vermelho libertava o campo de concentração nazi de Auschwitz-Birkenau , o mais famoso da hedionda rede de infra-estruturas de extermínio de seres humanos (terão morrido mais de 1,1 milhões de pessoas, na maioria judeus), muitos dos quais foram submetidos a "experiências clínicas" da mais profunda crueldade.  Hoje, Dia do Shoah (Holocausto), 300 sobreviventes vão voltar a cruzar o portão do campo da morte. O mundo inteiro ouvirá as suas vozes - supõe-se que pela última vez. Mas a sua memória não se apagará, não pode apagar-se. Para que não se repita nunca mais! .

Tocha da Liberdade e da Paz no Porto

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Agenda. A FIR – Federação Internacional de Resistentes , onde a URAP está filiada, celebra o  70.º Aniversário do Fim da Guerra   com a passagem por vários países da Europa da  TOCHA DA LIBERDADE E DA PAZ ,   terminando na cidade de Berlim no mês de Maio. Em Portugal, o Porto receberá esta iniciativa no próximo  dia 29 de Janeiro. A URAP – União de Resistentes Antifascistas Portugueses ( com o apoio da Universidade Popular do Porto, Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, Unicepe, Cooperativa Árvore, União de Sindicatos do Porto e o Conselho Português para a Paz e Cooperação ) convida todos a participarem no  Acto Simbólico de Recepção da Tocha, no Porto às 17,30 horas na Praça da Liberdade ,  seguindo-se uma  Sessão Pública evocativa no Clube dos Fenianos Portuenses ,  com intervenções de Viale Moutinho , jornalista e escritor e Marília Villaverde Cabral , presidente da URAP. ____________________

E a rádio pública, senhores?!

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Declaração prévia de interesses:  1. Sou ouvinte fiel da Antena 2, um dos serviços de programas de radiodifusão da RDP que, legalmente (1) , é a marca detida pela empresa Rádio e Televisão de Portugal, SGPS, SA, que é a operadora dos Serviços Públicos de Rádio e de Televisão.  2. Como dirigente sindical, sempre (suponho não me ter esquecido mais do que as omissões perdoáveis) me referi em declarações e subscrevi documentos do SJ (2) aos dois serviços que a RTP assegura. Dito isto,  Assisti com interesse e atenção à entrevista concedida, ontem, pelo presidente do Conselho Geral Independente (CGI) à RTP (programa Grande Entrevista, que pode ser ser revista aqui ), António Feijó, cujo conteúdo merece alguma reflexão sob vários pontos de vista. Um deles - absolutamente essencial - tem a ver com o estatuto singular de liberdade editorial de que gozam a RDP (Serviço Público de Rádio) e a RTP (Serviço Público de Televisão) e os jornalistas ao seu serviço. A menos que est

RTP: regresso à agenda hostil contra os serviços públicos

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Ainda não passou a confusão instalada em trono da Administração cessante; ainda pairam no ar muitas dúvidas sobre o procedimento de "negociação" do projecto estratégico da indigitada nova Administração; ainda restam perplexidades com a passagem de um fornecedor de produções externas para a Administração - e eis que se regressa à discussão sobre as vocações da RTP, que assegura os serviços públicos de rádio e de televisão. Ouvido brevemente pelo semanário "Expresso" de hoje, o presidente indigitado já antecipa que os serviços do operador público devem ser complementares e não concorrenciais com os operadores privados. O indigitado não adianta mais grande coisa, mas só temos que recear a existência de uma agenda hostil aos serviços públicos, colocando-os ainda em pior situação. .  

O último comboio

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Apanhei o último comboio da noite - e o último das minhas responsabilidades sindicais. Na despedida, na cerimónia de posse dos novos órgãos do Sindicato dos Jornalistas, disse estas palavras: Arrumadas que estarão as armas da contenda, comecemos por saudar os eleitos para os órgãos do Sindicato dos Jornalistas no triénio que agora se inicia. Só temos de desejar os maiores êxitos e que os eleitos se confirmem merecedores da confiança que os associados neles depositaram.   É enorme e pesada a tarefa a que deitam agora ombros. Que a fortuna não os desampare; e que a classe não lhes negue ajuda, nem regateie solidariedade, nem se furte ao combate.  Mas permitam-me que saúde de um modo muito especial todas e todos os camaradas da longa jornada que chega hoje a esta meta.  Estivemos onde foi necessária a nossa acção e onde era requerida a força das nossas convicções - nas redacções onde se ofendiam direitos laborais, e nos locais onde se impedia o acesso à informação; na

A morte de Luís Ochôa e a falta de memória nas redacções

Basta googlar. A generalidade das notícias em linha sobre a morte do jornalista Luís Ochôa, ocorrida na madrugada de hoje, limita-se a assinalar os factos de (i) ele ser até agora o correspondente da RDP, (ii) ter começado a carreira na ANOP (por acaso não começou) e de (iii) ter sido chefe de redacção e director da RDP.  Nenhuma notícia refere três factos muito importantes: 1.º - Foi vice-presidente da Direcção (um mandato) e membro do Conselho Geral do Sindicato dos Jornalistas (dois mandatos); 2.º - Foi vogal no Conselho de Administração do Cejor-Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas (um mandato); 3.º - Foi, durante sete anos, presidente da Caixa de Previdência e Abono de Família dos Jornalistas. Tudo isso aconteceu entre 1987 e 1996. Nas redacções, hoje tão exauridas de memória, já não haverá quem se lembre. E se calhar não há tempo para procurar além do óbvio imediato, nem para perguntar ao Sindicato ... .

Sessão sobre o PREC

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Agenda. Em 2015, o Núcleo do Norte da AJA vai abordar o PREC em várias das suas iniciativas. Queremos dar espaço ao debate e à memória, mas também retomar as múltiplas formas de expressão cultural, social e política que surgiram nesses "tempos de brasa". Vamos encontrar poucas respostas e deixar ainda mais perguntas: PORQUE FAZ (TANTO) SENTIDO FALAR DO PREC HOJE? .

Cartunista é jornalista se

A propósito do brutal e intolerável ataque ao semanário francês "Charlie Hebdo", da inevitável solidariedade mundial e da onda de simpatia pelos cartunistas, há quem diga que eles não jornalistas. Não são, os que não são, isto é, os que não o fazem como actividade jornalística. Quanto aos demais, veja-se o Contrato Colectivo de Trabalho (CCT) em vigor na Imprensa em Portugal: Cláusula 7.ª Conceito de jornalista Para efeitos da presente CCT, considera -se jornalista aquele que exerce, como ocupação principal e por forma efectiva, permanente e remunerada, em regime de contrato de trabalho, as funções próprias de jornalista, nos termos definidos no diploma legal que estabeleça o respectivo Estatuto, incluindo as de direcção, chefia, edição, redacção, reportagem, reportagem fotográfica ou de cartunista , respeitantes às categorias e cargos constantes do presente capítulo. (...) .

"Poemazinho eterno"

« Os amigos eram falsos como Judas. Ah, como Judas, não. Judas arrependeu-se Os amigos eram mesquinhos como Judas. Ah, mesquinhos como Judas, também não. Judas vendeu Cristo e enforcou-se .                                 » (José Craveirinha, in "Karingana Ua Karingana ") .

A consigna do Presidente para 2015

O Presidente da República inaugurou hoje a época eleitoral 2015. Definiu - ou confirmou... - o campo e estabeleceu a agenda para o entendimento da tróica nacional: «Tal como os outros países da zona euro, Portugal está sujeito às exigências de disciplina orçamental e de sustentabilidade da dívida pública. Nem os países de maior dimensão conseguem eximir-se ao seu cumprimento, como se viu recentemente. Portugal não pode regredir para uma situação semelhante àquela a que chegou em princípios de 2011, em que foi obrigado a recorrer a auxílio externo de emergência.» O resto da arenga está aqui . .  

Dia Mundial da Paz

Hoje é o Dia Mundial da Paz. Não se confunda com o Dia Internacional da Paz (21 de Setembro), instituído pela ONU. Proclamado em  8 de Dezembro de 1967  pelo papa Paulo VI, revestiu um importante significado, especialmente entre os católicos progressistas, e em particular após o regresso do bispo do Porto António Ferreira Gomes (1969) após o exílio de uma década imposto por Salazar, cujas homilias dedicadas a este dia constituíram importantes contribuições para a formação da consciência dos cristãos contra a injustiça da guerra e da opressão dos povos colonizados. Paulo VI desempenhou aliás um decisivo papel na agenda internacional a favor da emancipação dos povos, especialmente em África. .