XXI Governo: sobre o discurso de Cavaco Silva

Cavaco Silva no discurso de posse do XXI Governo Constitucional (foto: Presidência da República)
Cavaco Silva só não dissolveu a Assembleia da República para tentar outros resultados do voto popular porque o Presidente da República já não pode fazê-lo.
Cavaco Silva não se conforma com o facto de, do voto popular e do entendimento entre quatro partidos ter resultado uma correlação de forças nova, mas o Presidente da República teve de conformar-se com a evidência constitucional da legitimidade da nomeação que se impunha.
Cavaco Silva ouviu personalidades e instituições, recolheu informações relevantes e as consignas para um comando sobre o conteúdo da acção governativa que o Presidente da República não tem.
Cavaco Silva não gosta das “posições conjuntas” – como fez questão de grafar entre aspas – entre o PS e o BE, o PCP e o PEV, mantendo as dúvidas mais raras que se lhe conhecem, mas tem a certeza de que o Presidente da República deve conferir “às forças envolvidas a responsabilidade pelo Governo” hoje empossado.
Cavo Silva é um ressabiado e não consegue despir a pele de chefe de fila da Direita, fez um discurso de Presidente da República provocador e ameaçador, invocando desnecessariamente os poderes presidenciais além daquele que lhe está “cerceado”.
O pior é que Cavaco Silva não perderá uma única oportunidade para a perseguição ao Governo e à maioria parlamentar: esperemos o que fará com certos diplomas; e, no que tange a discursos, pela mensagem de Ano Novo do Presidente da República.
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