Um dia histórico

Ao contrário de simplificações abundantes nos media, dando conta da brevidade do XX Governo Constitucional e de que virá a ter iniciativa de Governo um partido que não ganhou as eleições legislativas, este dia é histórico porque afirma que, contra todas as convenções e conveniências, a soberania popular reside na Assembleia da República e que o Governo resulta da correlação de forças parlamentares.
Este dia é também histórico porque o Parlamento encetou os primeiros passos rumo à concretização de uma aspiração legítima da maioria dos eleitores que rejeita o governo e as políticas de Direita e deu sinais claros, inequívocos e indeclináveis de que pretende uma alternativa de Esquerda.
Nas suas múltiplas formas, frentes e meios de expressão, a Direita brande ameaças e perigos, convocando em seu auxílio todos os esqueletos ideológicos que guardara zelosamente nos seus armários e atiçando os seus mastins - em oratória parlamentar raivosa, em histeria "popular" nas ruas e em acidez editorial nos meios de comunicação de massa - contra o rumo que há muito se impunha e só agora se torna possível realizar.
A partir de hoje, a Esquerda assume uma pesada responsabilidade histórica. Não restam dúvidas de que os desafios são imensos, difíceis e extraordinariamente complexos; nem de que lhe não faltarão pressões de todos os tipos e origens, sinais e leituras de origens e sentidos diversos e equívocos, e até armadilhas, talvez traições.
Mas não poderá deixar de ser iniciado esse caminho. Porque é imperioso e porque, finalmente, é possível.
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