Três entrevistas para reter


Neste fim-de-semana, publicaram-se três entrevistas muito relevantes. No sábado, do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, ao “Expresso”; e hoje, do candidato a Presidente da República Edgar Silva, ao “Jornal de Notícias”, e do secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, ao “Público”.
De comum, além da circunstância de os três entrevistados serem militantes e dirigentes do Partido Comunista Português, ou seguramente por isso, o esforço que os três jornais empenharam em escrutinar o chamado acordo da Esquerda, e em particular o alcance e a durabilidade da posição comum entre o PCP e o PS; assim como o teste à identidade e autonomia do PCP e… da CGTP.
Da primeira, ressalta, mais uma vez, (i) que ficou claro que o PCP não abdicou do seu ideal, do seu projecto e do seu programa; (ii) que o compromisso assumido resulta do empenho do PCP em alternativas de esquerda, com ou sem responsabilidades governativas, e de uma negociação sem reservas mentais, naturalmente não isenta de dúvidas e divergências; e (iii) que os compromissos, suas consequências e limites foram discutidos e avaliados colectivamente.
Da segunda, salienta-se esta resposta de Edgar Silva sobre o valor da palavra dada, uma vez feita a discussão e a negociação: “Não há uma frente de Esquerda, há quatro partidos que reconhecem que existem razões em condições para uma solução de governo. Temos que partir do princípio de que representam, na reflexão que fizeram e nos compromissos que assumiram, um elevadíssimo sentido de Estado e de responsabilidade política (…). São pessoas respeitáveis e capazes de dar sustentabilidade e rigor aos deveres que decorrem dos compromissos assumidos”.
Da terceira, bem mais extensa, salienta-se o papel central dos trabalhadores, das suas organizações e das suas iniciativas para resistir às pressões e constrangimentos contra a acção do Governo, nomeadamente por parte das associações patronais e dos grandes interesses económicos, no sentido de o fazer recuar ou mesmo inibir em relação a compromissos fundamentais.
Tendo-se batido pela derrota do governo e da maioria parlamentar PSD/CDS-PP e defendido a formação de um novo governo pelo PS, a CGTP deixa claro que tem de intervir para que as “expectativas se concretizem em mudanças de políticas e para que amanhã não se transformem em enormíssimas frustrações”.        
 

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