O ridículo vai a votos


Confesso que tinha uma certa simpatia por Paulo Rangel, tanto pelo seu trato afável como pelo estofo intelectual, nada tendo a ver com a mediocridade reinante no seu partido.

Não sei por que artes, deu o cabeça de lista da Aliança Portugal a descambar para o estilo que lhe temos visto e ouvido, cujos termos, por fastio, já nem reproduzo. Uma das últimas é o apelo aos eleitores para que se “vacinem contra o vírus socialista” (cito de memória).
Não tomo as dores do PS, mas a tirada não me pareceu bem. E até creio que Paulo Rangel nem se reconhece neste Rangel de campanha.
Veio então Manuel Alegre à liça, e vai de terçar uma arma de poderoso valor moral que terá ofendido Rangel: que como vírus tratava o partido nazi alemão os judeus (cito outra vez de memória).
Numa enfadonha e depauperadora táctica de diatribe, reagiu Rangel exigindo desculpas e retractações do líder do PS e do cabeça de lista do PS. Como o PS não as apresentasse, visou mais alto, lavrando competente queixa para o presidente do Parlamento Europeu e “candidato” à Comissão Europeia e, ainda, à presidente do Partido Socialista Europeu, exigindo que “rejeitem” a associação da aliança de Direita às ideias nazis (ainda de memória).
Como golpezinho com efeito mediático, a coisa lá terá o seu resultado. Mas que se esperava um Rangel com outra elevação, lá isso esperava. E que não lembra nem ao europeísta-federalista mais empedernido recorrer para a hipotética jurisdição de um “partido europeu” sobre um partido nacional, também é verdade.
Declaração de interesses: não sou eleitor do PSD nem do PS; antes pelo contrário.
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