Um criticável portrait à trois e o insondável mistério do espaço público

A cerimónia de homenagem a Nelson Mandela dispensaria diversões. Não falo do gesto - espontâneo? - de Obama, de cumprimentar o presidente cubano, Raúl Castro, que mereceria ser simbolicamente associado às exéquias desse homem maior que tanto nos ensinou sobre a ética da tolerância.
Falo da frivolidade dos gestos do mesmo Obama, da primeira-ministra dinamarquesa e do primeiro-ministro britânico, assaz divertidos no portrait à trois.
As imagens do mais que dispensável momento lúdico dos três dirigentes tornaram-se virais por várias razões. As mais fúteis, pelo picante da reacção (apreensiva?, frustrada?, zangada?) de Michele Obama; as mais indignadas, porque esperavam circunspecção, sobriedade e "respeito"; as mais objectivas, pela perplexidade da inesperada infantilidade de três dirigentes que não poderiam, em circunstância alguma, em momentos destes, fazer as figuras que fizeram.
Mas o caso também serve para reflectir sobre os insondáveis mistérios do espaço público e das suas surpresas.
Talvez um dia volte a este assunto.
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