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A mostrar mensagens de fevereiro, 2013

Breve nota sobre a deliberação da ERC quanto ao "caso Nuno Santos"

Sem prejuízo de outras considerações e análises mais aprofundadas, sempre posso adiantar que me parece que esta deliberação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, conhecida hoje, representa um forte e significativo reparo à forma precipitada como a Administração da RTP conduziu o chamado inquérito aos acontecimentos de 14 de Novembro e ao julgamento sumário do jornalista Nuno Santos. .

A propósito de dois prémios para a RTP...

...é preciso dizer e deixar bem sublinhado que há programas - e prémios - que só são possíveis porque o Serviço Público de Rádio e de Televisão existe e porque este serviço é assegurado pela RTP - empresa de capitais exclusivamente públicos, disse . .

"Ò Seguro, a gente é que manda" em éfe-i-mês

Contam os periódicos que a directora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Chrisine Lagarde, respondeu à ousada carta do secretário-geral do Partido Socialista, António José Seguro, explicando-lhe que o programa das tróicas é mesmo para cumprir, não obstante a generosa e precipitada interpretação que uma fonte do PS não identificada fez da missiva, segundo a qual a dita resposta indica que a missão do FMI é buscar um "equilíbrio correcto" entre o pacto de agressão e o emprego e a economia. .

Informação partilhada, informação afunilada

Há quase dois anos, o Sindicato dos Jornalistas apresentou à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) uma participação singular, advertindo que a extinção das secções de Economia do "Jornal de Notícias" e do "Diário de Notícias" e a criação de uma unidade produção centralizada de informação económica para o JN, o DN e o então anunciado "Dinheiro Vivo (versões em linha, suplemento semanal dos dois periódicos e outras plataformas) acarretava um sério risco de diminuição da diversidade informativa e do pluralismo interno e externo. No passado dia 13, o Conselho Regulador da ERC deu razão ao SJ, confirmando esse risco e validando os alertas que o Sindicato dava desde a discussão da revisão do Estatuto do Jornalista, que veio dar força ao patronato para explorar à borla as criações dos jornalistas. Para mais informações, ler aqui o comunicado do SJ de hoje e restante documentação .

Duas teses fundamentais para a Igreja Católica

O teólogo Anselmo Borges defendeu hoje, no serviço "24 Horas" da RTP2, duas teses fundamentais a ter em conta no actual momento da Igreja Católica: 1.ª - A necessidade de a Igreja resolver de uma vez por todas a sua relação - e a sua visão e doutrina - sobre a sexualidade, incluindo com a revisão da lei do celibato. Eu acrescentaria: com a revisão da sua posição sobre a liberdade de orientação sexual. 2.ª - A democratização da hierarquia ao mais alto nível, acabando com a última monarquia absoluta que o Papa representa. O sacerdote enfatizou aliás que este é o momento para encetar aqueles caminhos, sob pena de a Igreja continuar fechada ao mundo e de adiar a resolução dos graves problemas que vive, com o risco de aprofundá-los, se bem pude depreender do pensamento do teólogo. Era só uma dica... .

Para parar de vez a cambalhota moral

A fabulosa descoberta da alteração a uma preposição na chamada Lei da limitação dos mandatos dos eleitos locais não altera em rigorosamente nada na análise ético-jurídica que se deve fazer da norma. Se o PSD - e, pelos vistos, o CDS - encontram no incidente de sintaxe um pretexto para mandar às malvas a posição que assumiram ao votar a lei que agora querem renegar à viva força do calculismo eleitoral, assumam de uma vez por todas a cambalhota moral que estão a dar: revoguem a Lei! E digo isto, não por cumplicidade com a desavergonhada trasfega de presidentes de câmara (e suponho que de junta...), mas porque uma lei que era profundamente demagógica e atentatória da liberdade de escolha dos eleitos locais se revelou um diploma obscenamente hipócrita. .   

Pensem um bocadinho sff

Está a causar um enorme furor, para não falar em gozo gratuito e irresponsável, a ideia parva de pedir facturas com o número fiscal de membros do Governo, a começar pelo primeiro-ministro. Quem teve a ideia e quem a segue cegamente nem se lembra que "a coisa" vai tornar ainda pior a vida daqueles que não são os adversários dos cidadãos-contribuintes, isto é, milhares e milhares de pequenos comerciantes e prestadores de serviços. Será necessário explicar por quê? Melhor seria fazer uma coisa muito simples: não pedir factura. Ponto. .  

Sindicalismo e Media - algumas reflexões

A convite do Sindicato dos Enfermeiros, que está a assinalar o 100.º aniversário da Associação de Classe dos Enfermeiros de Ambos os Sexos do Porto, precursora do SE, participei hoje num interessante debate sobre “Sindicalismo e os Media”. Além da abordagem introdutória às funções dos Media – e dos jornalistas – e dos sindicatos no sistema democrático, discorri sobre os problemas de fundo da imensa lacuna colectiva na educação para a cidadania e a participação. Procurei reflectir sobre a responsabilidade dos Media na formatação ideológica, na formação e consolidação dos preconceitos, do individualismo, do consenso implícito e da submissão à lei da inevitabilidade. Discorri ainda sobre as representações dos sindicatos (e das empresas e organizações patronais) nos Media ; a claríssima insuficiência da cobertura regular da actividade dos sindicatos versus as erupções ocasionais do interesse mediático; a ausência de espaços noticiosos permanentes sobre trabalho e sindicalismo; a

Cantai-lhe os "Vampiros"!

Ò malta que andais por aí, de Grândola Vila Morena em riste, a apanhar à falsa fé ministros palradores e ameaçais abalroar amanhã o democrático discurso do ministro plenipotenciário das Tróicas!  Cantai-lhe antes os VAMPIROS  No céu cinzento Sob o astro mudo Batendo as asas Pela noite calada Vêm em bandos Com pés de veludo Chupar o sangue Fresco da manada Se alguém se engana Com seu ar sisudo E lhes franqueia As portas à chegada Eles comem tudo Eles comem tudo Eles comem tudo E não deixam nada  A toda a parte Chegam os vampiros Poisam nos prédios Poisam nas calçadas Trazem no ventre Despojos antigos Mas nada os prende Às vidas acabadas  São os mordomos Do universo todo Senhores à força Mandadores sem lei Enchem as tulhas Bebem vinho novo Dançam a ronda No pinhal do rei  Eles comem tudo Eles comem tudo Eles comem tudo E não deixam nada  No chão do medo Tombam os vencidos Ouvem-se os gritos Na noite abafada Jazem nos fossos Vítimas dum credo E não se esgota O sangue da m

Uma pergunta de Pedro Malaquias

Declaração prévia de interesses: gosto de ouvir o Pedro Malaquias a ver os jornais do dia. Escuto-o, na Antena 2, a perscrutar muito além do óbvio, da espuma dos títulos e da agenda da actualidade - está o dia a nascer para tanta gente, é madrugada para outra... - e tiro o proveito das sua interpelações certeiras (e do humor por vezes corrosivo) às notícias, às pessoas que nelas são objecto, aos seus autores. Há dias em que deixa desconcertantes perguntas no ar. Aconteceu hoje. Dava-se o caso de sinalizar a notícia do "Público" sobre o alarme que dão os industriais da restauração : em três meses, nove deles suicidaram-se. E o Pedro Malaquias larga assim a pergunta, se a memória me não falha: "e isto não pesa na consciência de ninguém?". Fiquei pensando na pergunta o dia inteiro. E, à noite, no regresso a casa, observando nas ruas e avenidas do meu percurso, não pude deixar de ouvir o ensurdecedor e acusador silêncio dos restaurantes semi-desertos nem de pesar o

Luta nas ruas e nas empresas

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Manifestação em Lisboa (Foto reproduzida do sítio da CTGP , com a devida vénia) A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional (CGTP) realizou hoje uma importante jornada de luta, com expressivas manifestações por todo o país, com especial destaque para Lisboa e Porto, reafirmando a importância e o valor do combate nas ruas e nas empresas, contra esta política e este governo, que tem de prosseguir. Não há nada como ser claro nem deixar de dizer por palavras inteiras o que convém que fique dito. .  

A máquina que fez esta fotografia premiada...

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... no World Press Photo já não está nas mãos do seu autor, português, Daniel Rodrigues de seu nome, desempregado. A história está contada aqui (de onde capturei a imagem, com a devida vénia) deve fazer-nos pensar...

O desastre vai-se confirmando

O Produto Interno Bruto (PIB), isto é, a riqueza produzida no país, caiu 3,8% em volume no quatro trimestre de 2012 em relação ao trimestre homólogo de 2011 e diminuiu 1,8% em comparação com o trimestre anterior, comprovando o desastre nacional que o Governo, a maioria que o suporta e a tróica internacional estão cavando, sem podermos escamotear as responsabilidades do PS. É isso que hoje está demonstrado no boletim de hoje do Instituto Nacional de Estatística , como se não fosse pouco a notícia de ontem, também do INE, da perda de mais de 200 mil postos de trabalho, e à qual o primeiro-ministro reagiu, com uma dispensável máscara hipócrita, comentando o efeito "dos mais dramáticos" daquilo a que o Governo chama "ajustamento económico", e que não passa de um processo de destruição da economia e de desestruturação social. .  

Apagão electrónico parlamentar: se a moda pega deste lado...

O Congresso espanhol dos Deputados tem uma noção muito singular - e muito perigosa - da transparência do debate político e da publicidade dos actos parlamentares. A tal ponto que ontem ouviu à porta fechada o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, tão fechada que nem as taquigrafistas assistiram, e decretou um apagão electrónico inibindo os telemóveis. A Federação de Sindicatos dos Jornalistas (FeSP) protestou , e muito bem, contra esta nova agressão ao trabalho dos profissionais de informação e contra os direitos dos cidadãos. Se a moda pega deste lado...

Desemprego continua a aumentar

923,2 mil sem trabalho, segundo o INE A taxa de desemprego estimada para o quarto trimestre de 2012 foi de 16,9%, uma percentagem superior em 2,9 pontos percentuais ao trimestre homólogo do ano anterior e um valor superior em 1,1 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior, anunciou hoje o Instituto Nacional de Estatística. A população desempregada segundo o INE cifrava-se assim em 923,2 mil pessoas, ou seja, mais 152,2 mil (um aumento de 19,7%) do que no trimestre homólogo de 2011, e mais 52,3 mil (+6%) do que no trimestre anterior. Os dados ilustram bem o desastre económico e social que o Governo continua a agravar de mês para mês, de trimestre para trimestre. .

Carnaval: a inutilidade superveniente da teimosia do Governo

O país real festejou o Carnaval, apesar da demagógica teimosia do Governo em fazer trabalhar os trabalhadores da Administração Pública, como se fosse isso que salvasse a pátria da destruição da economia real pela qual o mesmo Governo é responsável. Muito ou pouco - e terá sido seguramente pouco por causa da crise em que nos atolaram - e apesar da chuva que perturbou os corsos em várias localidades, as economias locais lá fizeram um esforço real para funcionar e demonstrar a inutilidade superveniente da teimosia de Passos Coelho. .

A resignação de Joseph Ratzinger e a resignação dos media com o "inevitável"

Antes de mais, ou duas notas prévias:  1.ª - É um facto que a Igreja Católica, tanto enquanto confissão religiosa como enquanto Estado (do Vaticano) e expressão de Poder, representa uma realidade irrefutável e exerce influência aos mais diversos e até mais contraditórios níveis;  2.ª - É um facto que a resignação do cardeal Joseph Ratzinger, com 85 anos de idade, ao mandato de Papa, é uma notícia de importância muito relevante, desde logo por reconhecer - com humildade e coragem, segundo tem sido destacado - a fragilidade humana e os limites humanos do exercício de funções que o próprio reconhece muito complexas e exigentes, mas também pelo facto de se tratar de uma figura controversa. E agora a observação: Navegando pelas edições em linha dos meios de informação (nacionais e alguns estrangeiros), fica-se com uma estranha sensação de que os media , perante a inesperada, mas pelos vistos prevista, resignação do Papa Bento XVI, se resignaram à inevitabilidade da agenda comum, co

Suicídios e media: regresso à pergunta

A pergunta é antiga e houve tempos em que parece ter havido uma resposta consensual: devemos noticiar os suicídios? Em regra não, porque o exemplo do êxito pode motivar outras pessoas com "tentações" suicidas; a excepção deve muito bem ponderada e justificável aos olhos dos leitores. A pergunta volta a fazer sentido. Ainda ontem, uma mulher lançou o filho de uma janela de hotel e lançou-se ela, depois, acompanhando-o na morte. Os jornais de hoje publicam pormenores suficientemente abundantes para serem suficientemente explícitos quanto ao drama. E repetem outros casos - um no passado dia 25; outro em Dezembro passado; outros cinco no ano que passou - de morte de crianças pelas mães, que põem termo à vida também elas. Um deles - o "Público" - enfatiza o problema no título com uma pergunta: "Há mais uma criança morta pela mãe. Será que os media estão a ajudar?". Dando a voz, no corpo de notícia, ao psiquiatra Nuno Gil, vice-presidente da Sociedade Por

Um facto não é um fato, porra!

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À atenção dos praticantes apressados do precipitado Acordo Ortográfico de 2009: em Portugal, facto  - [fákto], s.m.  (do Latim factum ) 1. Coisa feita; acção realizada. 2. O que aconteceu em determinado tempo e lugar... (do Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa) - grafa-se sempre com C , porque o C não é uma consoante muda, pois pronuncia-se efectivamente. Portanto, não se escreve fato, como asneiradamente já pulula nalgumas publicações e até em documentos oficiais. Como aqui muito bem se indica, enquanto variante AO de facto , fato só se escreve no Brasil. .  

Sobre o mito do rigor alemão

Há alguns anos, esperei mais de três quartos de hora (ou teria sido mais de uma hora?) por uma pessoa com um certo cargo público que se gabava da sua educação alemã para o rigor e para a pontualidade. Fiquei esclarecido – sobre a pessoa e sem desprimor para os alemães. Nos últimos dias, fomos todos informados de que a ministra alemã da Educação plagiou a tese de doutoramento, isto é, apropriou-se de criações alheias e não teve sequer o cuidado de mencionar a sua origem. Hoje, foi noticiado que a chanceler Angela Merkel, que nos tem dado a todos abundantes lições de rigor, mantém "total confiança" na cidadã  Annette Schavan, portanto, mantém ministra com a tutela da Educação uma pessoa que deveria ter tido a decência de demitir-se de tal cargo pelo menos quando lhe foi descoberta a trapaça. Fiquei esclarecido – sobre as pessoas e os mitos; e mantenho respeito pelo povo alemão. Mas depois admirem-se que, com mais ou menos variações, o exemplo vá pegando.

Ainda o caso da "foto de Chávez" no "El País"

Antes que me esqueça, é importante chamar a atenção para o artigo de J.-M. Nobre-Correia, ontem, no "Diário de Notícias" (Planeta Media), a propósito do caso da auto-suspensa publicação, pelo "El País", de uma foto de um moribundo que o jornal acreditou ser o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e que aqui tratei . Nele, o conhecido mediólogo coloca "algumas questões essenciais" que o jornal não ousou colocar, a saber:  "até que ponto um jornal que acaba de despedir 129 pessoas se encontra ainda em condições de propor um conteúdo de qualidade, submetendo textos e fotos à exigente filtragem prévia da verificação. Saber em seguida se publicar a foto de um "moribundo" faz parte da função de um jornal "de referência". Saber por fim se os interesses económicos do grupo Prisa na América Latina não têm demasiada e ostensivamente orientado (à direita) a cobertura jornalística desta parte do mundo por El País (que se quer de centro esqu

E não será para desconfiar de um "sindicalista" assim?

O "Expresso" de hoje revela que o primeiro-ministro teria feito questão de que o novo secretário de Estado do Emprego tivesse um perfil de sindicalista, o que quer que isso seja, para, segundo explica, facilitar a concertação e evitar a radicalização da UGT com a substituição de João Proença. Antes de mais, devo dizer que desconfio muito de quem se apresenta - ou é apresentado - sob a capa dessa mistificação chamada "sindicalista", ou "ex-sindicalista" - como credencial para uma negociação. Como sindicalista, sei do que falo: já tenho encontrado alguns do lado da barricada oposta à minha; como sindicalista, trabalhador e cidadão, sei do que falo quando leio no "Diário da Assembleia da República" os nomes daqueles que, pelo menos, votaram a favor dos mais brutais ataques aos trabalhadores e aos seus direitos. Depois, parece-me que, a crer no currículo sindical descrito na biografia do eleito deputado e agora secretário de Estado António Ped

O "TV Rural" dos tempos modernos e a cumplicidade da alternância

A maioria para lamentar praticou hoje uma das mais deploráveis actuações em democracia, teimando em votar uma chocante recomendação de ingerência governamental na RTP, com vista à criação de um programa sobre agricultura e pescas.  Mas o mais lamentável é que a tamanha enormidade, aliás inconstitucional, como avisou o Sindicato dos Jornalistas , fica associada a abstenção de alguns (quantos?) deputados do Partido Socialista, entre os quais, e à cabeça, o seu secretário-geral e o líder da bancada. Será um tique de alternância? .  

Desemprego aumenta

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Em Dezembro passado, Portugal apresentava a maior taxa de desemprego da Europa (Fonte: Eurosta t) Não, não é o PCP nem é a CGTP a afirmar - é a agência europeia de estatística (Eurostat) a publicar os dados do desemprego na Europa em 31 de Dezembro de 2012: em Portugal, a taxa de desemprego voltou a bater o record, cifrando-se, naquela data, em 16,5%, mais 1,9 pontos percentuais do que no mês homólogo de 2011. Infelizmente, o cenário que temos à frente não promete melhorias.     .