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A mostrar mensagens de dezembro, 2012

Uma esparrela jornalística e uma profecia

Antes que o ano termine, três notas sobre o escândalo, digamos, jornalístico, das entrevistas dadas pelo falso quadro do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Duarte Baptista da Silva: Não vale a pena armar aos heróis da integridade ética e deontológica do jornalismo. Muitos de nós cairíamos na esparrela em que caíram Nicolau Santos e outros jornalistas. Mas não tenho a certeza de que todos teriam a mesma coragem e a mesma elevação para cumprir honradamente o preceito (5.º) do Código Deontológico que manda assumir a responsabilidade por todos os actos profissionais e promover a pronta rectificação das informações que se revelem falsas. Daqui, pois, o meu abraço solidário. A extensa nota da Direcção do "Expresso" e em particular as explicações aos leitores e a assumpção do compromisso de reforçar os mecanismos de verificação devem ser relevadas como exemplo a seguir. Oxalá façamos todos o mesmo em relação a muita charlatanice, tantas vezes travestida de "

Claro que promulgou

Como era de esperar (e por que haveríamos de esperar o contrário?), Cavaco Silva promulgou o iníquo e suicida Orçamento do Estado para o ano de 2013 . Especula-se - especulam os jornais - sobre as justificações que o Presidente da República dará na sua mensagem de Ano Novo. Dará as do costume e nada mudará quanto ao seu comprometido compromisso com a desgraçada situação económica e social em que nos encontramos e para a qual ele contribuiu. .  

Apelo obsceno

O secretário de Estado da Saúde, Fernando Leal da Costa, acha que os portugueses devem prevenir a doença e evitar o recurso aos serviços de saúde. Repito de ouvido o que parece uma tirada simultaneamente sensata (sim, é sempre bom apelar à prevenção) e infeliz (as pessoas recorrem aos serviços de saúde porque necessitam).  No actual contexto, com o governo e a maioria que o suporta a degradar os serviços de saúde e a empobrecer os portugueses, conduzindo a um retrocesso alimentar e nos cuidados de saúde preventivos, a "preocupação" e o "apelo" de S. Exa.ª são obscenos. .

Hortografia

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Casa da Cultura de Santa Comba Dão, Dezembro de 2012 .

O primeiro-ministro, a Televisão pública e duas incógnitas

A chamada mensagem de Boas Festas do primeiro-ministro deixa no ar duas interrogações muito legítimas: Primeira - Se Pedro Passos Coelho e a sua pandilha conseguissem privatizar o Serviço Público de Televisão, a mensagem de Boas Festas do primeiro-ministro seria transmitida em directo por que canais? Segunda - Quem escreve estas mensagens tão pobrezinhas? .     

Se eu fosse italiano

Se eu fosse italiano, consideraria absolutamente insultuoso (portanto, escuso de dizer antidemocrático, fora de qualquer discussão, e por aí fora...) que alguém declarasse a sua "disponibilidade" para ser - no caso, para voltar a ser - primeiro-ministro de um governo sem sujeitar-se ao escrutínio popular .

Antes que me confundam

Para que conste, faço pública a seguinte Declaração Eu não peço a suspensão da privatização da TAP, nem a suspensão da privatização da ANA, nem a suspensão da privatização da RTP, nem a suspensão da privatização de nenhuma empresa do sector empresarial do Estado, nem a suspensão da privatização de nenhum serviço público. E não peço por uma única, simples e claríssima razão: eu sou mesmo contra a privatização dessas empresas e desses serviços! E por isso, antes que me confundam, aqui deixo declarado publicamente que nem sequer admito a discussão dos termos, prazos, valores, voltas e reviravoltas. .  

Os verdadeiros perseguidos

O senhor José Manuel Rodrigues Berardo, que nos jornais também é noticiado como comendador Joe Berardo e às vezes é tratado como senhor comendador, queixa-se de que " este Governo está a perseguir as pessoas do dinheiro ". Eu também acho que está. Mas falamos de pessoas diferentes. Ele fala das pessoas que ganham dinheiro; eu falo das pessoas que fazem ganhar dinheiro a Berardo & C.ª - os de sempre. .

Fwd: desliguem tv na mensagem de boas festas do passos coelho, batam em tachos, buzinem, gritem

Reencaminho, publicando como me chegou, uma oportuna forma de protesto, sem prejuízo de outras coisas que direi lá para diante, para a "tradicional" mensagem de Boas Festas do primeiro-ministro. ---------- Mensagem encaminhada ---------- De: Data: 20 de Dezembro de 2012 01:26 Assunto: Fwd: Para: Vai circulando pelo "éter" do nosso desgraçado Portugal uma proposta de protesto generalizado para o Natal. Será, tanto quanto sabemos, uma nunca vista manifestação popular de repúdio pela cega e subserviente política do actual Governo que nos arrasta para a miséria colectiva. A proposta consiste em:      1.  À hora do discurso de "Boas Festas" do Pedro Passos Coelho, desligar a TV;     2. À mesma hora, fazer o maior barulho possível (bater panelas, gritar, soar buzinas, enfim, o que nos vier à cabeça) à janela, à porta da rua, no jardim, seja onde for. Com Portugal inteiro a fazer um barulho infernal, talvez o som chegue aos ouvi

Está-lhe na massa do sangue...

Lembram os media que acaba amanhã o prazo para o Presidente da República enviar a Lei do Orçamento do Estado (OE). Não vale a pena fazer apostas: está na massa do sangue ideológico de Cavaco Silva a obediência aos sagrados desígnios dos mercados financeiros que enformam o OE. .

O secretário Moedas e a desgraça portuguesa vistos de duas faces

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Carlos Moedas, foto oficial in www.portugal.gov.pt O “Expresso” de ontem publica, em dois distintos cadernos, duas entrevistas que importa assinalar pela profunda interligação delas e pelas duas faces que elas representam da problemática que o entrevistado na primeira faz de conta que não coexistem fatalmente. A primeira, publicada no primeiro caderno do semanário, tem como co-autor o secretário de Estado-adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, apresentado como o homem que “vigia o cumprimento do memorando” entre as tróicas internacionais e a tróica nacional. A segunda, publicada no caderno de Economia, tem como entrevistado o coordenador do Observatório Económico e Social da ONU para o Sul da Europa, Artur Baptista da Silva.   O título-citação da primeira – “Reestruturar a dívida nunca esteve em cima da mesa” – é elucidativo da frieza com que o vigilante do cumprimento do pacto de agressão encara a sua própria missão e da irredutibilidade insensível ao sofrimento do

Respostas redondas no reino da mailocracia

Há assessores que gastam incontáveis dias para dar uma única resposta redonda e vazia a um conjunto de perguntas bem precisas e claras. Não são competentes, mas são bem pagos. Um dia destes, talvez publique uma colectânea muito ilustrativa de perguntas e respostas. E há também aqueles, igualmente bem pagos, que só servem para responder "mande um mail" (antigamente era um fax), mas jamais respondem. Em relação a estes, só poderei publicar as perguntas.      

Escrita clara, mesmo sem aspas

Por muitas e variadas razões que escuso de escrever, tinha mesmo de falar-vos na renovada, fresca e elegante "Escrita Clara" do meu amigo Júlio Roldão, uma das naves que não dispenso. Está aqui . Desfrutem-na, como se fosse uma janela arejando em inteligência e graça o sombrio casarão pátrio. .

"Uma espécie de código de boas práticas"

O impropriamente chamado "Brutosgate", isto é, o caso do acesso indevido de polícias a imagens da RTP não emitidas, tem dado origem a toda a sorte de opiniões e bitates , uns acertados, outros nem por isso, e aos mais variados disparates, inclusivamente com gente a chegar-se à frente a reclamar a invenção da roda e outra a clamar pela necessidade de regras, como se elas não existissem. O cúmulo do desvario veio hoje a lume, com o presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social a anunciar uma invenção perigosa e evidentemente condenável: uma "espécie de código de boas práticas" de colaboração entre as redacções e as polícias, que o Sindicato dos Jornalistas prontamente repudiou . A ideia é mesmo uma ofensa aos jornalistas: um jornalista que não honre os seus deveres deontológicos não é digno nem do nome nem de respeito.  Disse. Para que conste!       

Os reféns das tróicas

Por muita areia que queiram lançar para os olhos dos trabalhadores, o PS e a UGT estão comprometidos até ao tutano com a decisão de avançar com a brutal redução da indemnização para 12 dias da eufemisticamente chamada compensação por despedimento colectivo que o primeiro-ministro confirmou hoje. Se fosse de apostas, apostaria singelo contra dobrado em como nem o PS vai rasgar o acordo das tróicas nem a UGT vai denunciar o chamado acordo tripartido com o qual se conluiou com o patronato e com o Governo no gravíssimo retrocesso de direitos dos trabalhadores que ele representou, com consequências dramáticas para centenas de milhares - ou milhões? - de pessoas. Ambos são reféns das tróicas e já não há volta a dar.   .

Como o Governo e a administração da RTP vêem o país real

A empresa de capitais exclusivamente públicos Rádio e Televisão de Portugal (RTP) está a desmantelar uma rica, importante e decisiva rede de delegados-correspondentes em capitais de distrito, especialmente na Rádio Pública, comprometendo irremediavelmente qualquer noção de serviço público e de contrição deste para a coesão nacional. O alerta de hoje do Sindicato dos Jornalistas é mais uma amostra de como o Governo e a Administração da RTP vêem o país real - de costas para ele e a milhas da realidade. .  

Cancro e alternativas com as devidas cautelas...

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Não há hoje nenhuma dúvida acerca dos extraordinários avanços da medicina nomeadamente em oncologia, com progressos muito significativos no diagnóstico e terapêutica do cancro, dos quais são referência os centros regionais do Instituto Português de Oncologia do Porto, Coimbra e Lisboa.  A enorme complexidade da doença e os prognósticos por vezes pouco animadores, assim como o desespero e a impotência perante o sofrimento e a incerteza abrem as portas às mais diversas e até fantasiosas "alternativas", que saem ao caminho dos doentes e dos seus familiares, por vezes nas barbas das instituições.  Há alguns progressos nas promessas dessas "alternativas": é que não deixam de recomendar que os tratamentos convencionais sejam mantidos... Na foto, um folheto "alternativo" junto da entrada principal do IPO-Porto. .

Quando o Governo cair

Em cada dia, e às vezes várias vezes ao dia, os vários membros do Governo, primeiro ministro incluído, dizem coisas diferentes, desdizem-se e contradizem-se. E sorriem quase sempre, que podemos estar descansados, o Governo está unido e para durar. No Parlamento, os partidos que o suportam fazem mais ou menos o mesmo número, há uns deputados a mandar umas bocas e outros a dizer que discordam, mas votam de acordo.  Agora, o segundo partido da coligação parece que manda uma carta fechada à tróica internacional à revelia do parceiro, e a rapaziada do parceiro continua a sorrir e a dizer que está unida, pois então. No meio disto tudo, vão tomando as medidas que se sabe, ora sorrindo, ora com o ar grave de quem decide o destino da Humanidade. É certo: o Governo vai cair dentro de meses, podre por dentro e derrotado pelo povo. O problema é que na sua derrocada vai causando estragos terríveis e dificilmente recuperaremos dos escombros sociais e económicos. .       

Morreu Papiniano Carlos

Papiniano Carlos, "poeta e escritor de primeira água e cidadão de primeira linha", no justo epitáfio electrónico que chegou ao meu correio ao fim do dia, morreu hoje, aos 94 anos. Militante do Partido Comunista Português (PCP) desde 1949, foi um intelectual inteiramente comprometido com a luta pela emancipação dos trabalhadores e contra o fascismo, coerente até ao fim. O corpo encontra-se na capela mortuária de Pedrouços, Maia, de onde sairá o funeral amanhã, às 15 horas, para o cemitério local. .

Homenagem a Luís Veiga Leitão

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Agenda:

Em defesa das funções sociais do Estado, uma Petição necessária

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As funções sociais do Estado são indissociáveis da qualidade de vida dos cidadãos e do desenvolvimento do país. Foi com o 25 de Abril de 1974 que a generalidade das pessoas idosas passou a ter direito a pensões e reformas; foi construído um Serviço Nacional de Saúde assente na universalidade e qualidade, que permitiu ganhos substantivos em saúde, como o aumento da esperança de vida e a redução da mortalidade infantil; democratizou-se o ensino, foi prolongada a escolaridade obrigatória e desenvolveu-se o acesso gratuito a todos os níveis de ensino. Estas funções sociais estão a ser postas em causa pelas políticas de austeridade do Governo do PSD-CDS. O anúncio de uma redução de 4.000 milhões de euros na Saúde, na Educação e na Segurança Social, a concretizar-se, porá em causa o próprio Estado Social. Portugal não está, apenas, confrontado com um problema de ordem financeira, mas, sobretudo, com uma questão marcadamente ideológica de subversão da C.R.P. no que respeita a direitos

RTP privada a 49% e pressentimentos

O "Público" em linha avança hoje que, em breve, o ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares vai levar a Conselho de Ministros a proposta de privatização de 49% do capital da empresa Rádio e Televisão de Portugal, SA. Ainda não se conhecerá o essencial da artimanha jurídica em que assentará tamanha tropelia (que evidentemente deve ser repudiada com toda a firmeza), mas que tenho cá um pressentimento de que ela tem alicerces mais largos, lá isso tenho... .

Cavaco Silva deve estar riquíssimo,

porque consta que o silêncio é de ouro. .

Cinco maneiras de vencer o medo

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Na apresentação do seu último livro, "Vencer o Medo - Ideias para Portugal", Manuel Carvalho da Silva deixou cinco atitudes-chave para vencer o medo que parece tolher muita gente, a saber: 1.º - Exercitar a memória, não deixando morrer nem permitir o branqueamento das coisas que se passaram (o neoliberalismo e o neo-fascismo, esses sim, é que estão a trabalhar para a apagar ou branquear), e que são úteis à análise e à interpretação do tempo presente e da perspectivação do futuro; 2.ª - Construir a esperança, com a razão, com ideias, propostas e o seu confronto para gerar alternativas e não aceitar o fatalismo nem a inevitabilidade que querem impor-nos; 3.ª - Resistir à ofensiva, criando incomodidade nos que nos oprimem, apesar do desequilíbrio da relação de forças; 4.ª - Exercer a cidadania, especialmente através da participação em todas as frentes de discussão e de intervenção; 5.ª - Defender a afirmação do Estado de Direito. .

1.º de Dezembro: o feriado defenestrado (II)

Este parece ser o derradeiro feriado de 1 de Dezembro, comemorativo da restauração da independência e que as tróicas decidiram defenestrar , apesar da fezada do deputado do CDS-PP José Ribeiro e Castro nas 40 mil assinaturas para uma acção popular que hoje começou a recolher, com vista à sua reabilitação. .