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A mostrar mensagens de outubro, 2012

"Jornalismo, crises e Democracia" em debate

Sob o lema "Jornalismo, crises e Democracia", realiza-se no próximo dia 24 de Novembro, na Casa do Alentejo, em Lisboa, a Conferência Nacional dos Jornalistas. Organizada pelo Sindicato dos Jornalistas e aberta a todos os jornalistas, a iniciativa tem como temas para debate e reflexão: 1 - Os jornalistas e os media na crise e a crise nos media – causas, consequências e soluções. 2 - Jornalismo, estado de necessidade e práticas profissionais – cedências e limites legais, éticos e deontológicos. 3 - Crise, ideologia e deveres do Estado – em defesa dos serviços públicos de comunicação social.   A convocatória está aqui . .

O sonho do reset social

Há uma frase do discurso de ontem do primeiro-ministro, na discussão da Proposta de Lei do Orçamento do Estado, que ainda me incomoda e me deixa a remoer uma inquietante suspeita acerca do pensamento de quem nos governa. Dizia ele, e cito nomeadamente do JN de hoje, que "vale pouco a Constituição proteger os direitos sociais quando o Estado não tem meios para os assumir". Sua Excelência, pelos vistos despojada de aspirações cívicas e rendida aos ditames do neoliberalismo, sente-se desobrigada do esforço de fazer com que o Estado assegure aos cidadãos os direitos e garantias que a magna lei lhes confere. No seu furioso afã refundacional, aponta uma impiedosa calculadora ao peito dos desempregados, dos reformados e pensionistas, dos cidadãos doentes crónicos e de todos os que necessitam, temporária ou permanentemente, da protecção da nação. Receio que o grande sonho de Sua Excelência seja o de ter o poder de fazer um reset social ao país. .  

Sobre a necessidade dos sindicatos

Vai grossa a tentação de declarar a dispensabilidade dos sindicatos e decretar mesmo a sua inutilidade. Há quem diga até que o faz por não estar cativo de nenhuma dependência ideológica - dos sindicatos, como dos partidos. Sucede que as actuais circunstâncias e os demonstrados factos evidenciam uma conclusão muito clara (e também muito dramática): é que o declínio do movimento sindical, a perda da sua influência e o seu enfraquecimento estão numa direcção exactamente oposta à da recuperação plena da força, à enorme pujança e à decisiva influência força do patronato organizado. De facto, os patrões, os capitalistas, podem ser muito ferozes na competição entre si, porque isso corresponde ao oxigénio da sua existência. Mas eles estão organizadas em associações patronais fortes e em confederações extraordinariamente poderosas e influentes, em níveis talvez nunca atingidos. A prova é que o patronato e o grande capital capturaram - decida e decisivamente - o poder político e que

Despedimentos e moral

O empregador declara: "Para manter o emprego a 100 trabalhadores, tenho de despedir 20". Dilema moral de um trabalhador escolhido para ser despedido: "Que direito tenho eu de resistir, se no meu lugar vai outro"? Dilema moral de um trabalhador escolhido para manter o emprego: "O meu posto de trabalho custou o emprego de um colega". Problema moral: "Haveria outras vias, o patrão pode não estar certo ou pode mesmo estar a mentir-nos". .  

De que ri ele?

A pergunta que faz o título deste texto implicaria a publicação de uma fotografia - a dele. É desnecessária. Basta procurar nos jornais, impressos e em linha, as notícias com o ministro da Austeridade, Vítor Gaspar, a anunciar mais medidas e mais gravosas medidas ou relativas ao desempenho das Finanças: em regra, surge sorridente, senão mesmo em pose hilariante. Não sabemos se é obra do acaso. Estaria o senhor a rir-se de uma boa pilhéria, quando a câmara fotográfica, por um mero acaso, lhe capturou à falsa-fé um sorriso (vá lá, mesmo um riso) franco, descontraído e inocente? Sorriria - ou rir-se-ia - por puro e descarado cinismo, indiferente ao sofrimento que vai causando aos seus concidadãos? Não sabemos. E saberemos por que, sendo tantas dessas fotos de arquivo, as escolhem os jornalistas para ilustrar a desgraça das desgraçadas notícias que com esse rosto, às vezes explodindo (obscenamente?...) em gargalhada farta, serve para ilustrá-las? Será cinismo?, masoquismo?, será o quê

Comunicado/Acomodação: Resistência em dupla face

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Um oportuno e necessário panfleto. Poemas de resistência, pela Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto (III): .

O elevador do desespero

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Elevador de edifício de escritórios, algures na "Baixa" do Porto, Outubro de 2012 .

Jornalistas, é o momento de agir!

O Sindicato dos Jornalistas promove no próximo sábado, dia 27 de Outubro, uma reunião geral de jornalistas - sócios e não sócios - destinada a discutir a situação no sector e a reflectir sobre formas de luta. Numa mensagem difundida hoje , exortou a classe a agir. Antes que seja tarde. .

Um pensamento para estes dias

Um pensamento interessante para os tempos que correm: "Ninguém gosta que o enganem; até o mais incorrigível mentiroso espera que lhe digam a verdade." Fidel Castro Ruz, 22/10/2012 .

Notícia da greve num sábado

Sábado, 20 de Outubro, a Agência Lusa não distribuiu um único take.  Jornalistas e outros trabalhadores e dirigentes do Sindicato dos Jornalistas andaram na "Baixa" do Porto e no Chiado, em Lisboa, a distribuir panfletos a explicar ao povo a sua greve. Houve muita gente solidária.  A luta continua. Amanhã é domingo, mas também é dia de greve: não haverá um take na linha. .  

Mobilização de jornalistas em marcha

É agora ou nunca! Os jornalistas estão a ser chamados a tomar a palavra - sobre o Jornalismo e as suas condições, sobre a situação nas empresas e no país. Além das reuniões já convocadas pelo Sindicato para o próximo dia 27 de Outubro (de amanhã a oito dias) e de outras iniciativas, o SJ convocou hoje uma grande Conferência Nacional dos Jornalistas, a realizar no dia 24 de Novembro, abrindo caminho à realização, também pelo SJ, do 4.º Congresso dos Jornalistas Portugueses. .

Notícia da solidariedade nas greves

O Sindicato dos Jornalistas saudou hoje o enorme êxito das greves na Agência Lusa e no jornal "Público" e enalteceu o espírito fraterno e as acções concertadas entre os jornalistas e outros trabalhadores das duas empresas, considerando que a solidariedade activa demonstrados mostram que é possível fazer um caminho mais longo e mais largo. .

Notícia das greves

O silêncio na linha de serviço noticioso da Lusa é uma excelente notícia: a greve continua a ser um êxito. Oxalá este silêncio seja escutado por quem de direito. Na trincheira do "Público" a malta está firme: até ao início da tarde, a esmagadora maioria dos jornalistas não estava a trabalhar. Outra boa notícia. Estive toda a manhã no duplo piquete da Lusa/Público no Porto e tenho boas notícias das concentrações conjuntas e móveis - primeiro na Assembleia da República; depois no "Público"; depois na Lusa. Isto vai, camaradas!  .

Homenagem a quem (re)descobre a sua dignidade e força interiores

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Um oportuno e necessário panfleto. Poemas de resistência, pela Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto (II): .

Por que vai paralisar o "Público"

Amanhã, 19, outra Redacção deve parar: os trabalhadores ao serviço do "Público" vão cumprir uma greve de 24 horas em protesto contra um despedimento colectivo que não se pode aceitar, como aqui se explica mais uma vez . .  

Uma greve justa e exemplar

Não me consta que haja greves não justas. Mas é importante sublinhar que a greve que os jornalistas e os outros trabalhadores da Agência Lusa estão a cumprir desde as 00h00 de hoje é justa. E está a ser cumprida de forma exemplar, como sublinhou ao fim da tarde de hoje o Sindicato dos Jornalistas . .

Notícia da greve

A melhor notícia da greve é não haver notícias.  O serviço noticioso da Agência Lusa está suspenso até às 24 horas do próximo dia 21.  A generalidade dos meios de informação ressente-se. Vejam bem como a Lusa faz falta à Democracia.

Povo, não pares a tua tempestade!

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Um oportuno e necessário panfleto. Poemas de resistência, pela Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto (I): .  

Não é só a Lusa que está em causa

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Os trabalhadores ao serviço da Lusa - Agência de Notícias de Portugal iniciam às 00h00 de amanhã, dia 18, uma greve de quatro dias. Não é uma greve qualquer e não é uma greve só por causa da Lusa. O que está em causa ultrapassa o que possa supor-se como interesses particulares dos jornalistas e dos outros trabalhadores que nela ganham o seu honrado sustento, como o Sindicato dos Jornalistas chama atenção aqui , apelando naturalmente à solidariedade. .

Quando os jornalistas também são chamados

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) publicou hoje um importante comunicado , convocando os jornalistas a tomar posição e a passar à acção. Há uma ofensiva brutal contra os trabalhadores - portanto, jornalistas incluídos - tanto nas empresas como na acção governativa: os patrões despedem-nos e privam-nos de rendimentos; o Governo e a maioria parlamentar empobrecem-nos ainda mais e não hesitam em ameaçar com o caos . O que está a passar-se no "Público", onde decorre já um processo de despedimento colectivo envolvendo 48 trabalhadores, 28 dos quais jornalistas, na Agência Lusa, onde um corte de mais de 30% das dotações do Estado ameaçam a sua sobrevivência, na Impresa, que quer encerrar cinco revistas e despedir 50 trabalhadores, na Cofina, etc., são ofensivas muito severas no sector da comunicação social que urge parar. Para quinta e sexta-feira, o SJ apela à expressão da solidariedade para com as greves convocadas na Lusa e no "Público", mas a organização sindic

Alvíssaras pelo paradeiro do Dr. Paulo Portas

Por favor!, alguém sabe por anda o Dr. Paulo Portas que escreveu que "o nível dos impostos já atingiu o seu limite" ? Ou será outro Paulo Portas? Agradecido. .

A ideia é mesmo essa, senhor ministro!

O ministro das Finanças lá nos quis convencer hoje que "não há alternativa" ao violento Orçamento de Estado que o o Governo teimou em entregar e que "quem estiver coma este Orçamento estará contra o programa de ajustamento" (cito de memória). Ora, a ideia é mesmo essa, senhor ministro! É mesmo rejeitar o programa de empobrecimento dos portugueses e do país e rejeitar de imediato um orçamento de Estado que insuspeitas personalidades não hesitaram classificar com os adjectivos mais dramáticos. .

As eleições nos Açores e o resto do país

Os resultados eleitorais de hoje na Região Autónoma dos Açores devem ter uma leitura também nacional. Mostram sinais claros à Direita, incluindo ao PSD, apesar de até ter reforçado o número de deputados, mas especialmente ao CDS e a Paulo Portas.

Receitas para resolver a crise: mais quatro propostas da CGTP

Depois de quatro importantes propostas para obter mais seis mil milhões de euros de receitas do Estado sem sacrificar os trabalhadores, a CGTP-IN apresentou hoje , no final de uma significativa marcha de uma semana contra o desemprego mais quatro propostas, agora para "eliminar a má despesa do Estado":  1.ª Proposta :   Exigimos que o Governo português, em conjunto com outros, exija a revisão do Regulamento do BCE, para que este passe a financiar directamente os Estados a 0,75%, tal como hoje faz ao sector financeiro. Num quadro em que em 2012, os juros da dívida atingem os 7,5 mil milhões de euros, a concretização desta medida levaria a que Portugal pagasse apenas 3 mil milhões de euros, poupando mais de 4.500 milhões de euros. 2.ª Proposta :  Exigimos que se ponha termo aos benefícios fiscais injustificados que conduzem à chamada “despesa fiscal” do IRC. Foi através deste e outros expedientes que ficaram por cobrar 9 mil milhões de euros de IRC, segundo os últimos

Prendam todos!

O Dr. Bagão Félix, conhecido militante do Partido Comunista Português, declarou à SICNotícias, se não me engano ou não me enganam os motores de busca, todos pertencentes aliás ao tenebroso aparelho de propaganda comunista, que o violento agravamento dos impostos decidido pelo Governo é um verdadeiro "napalm fiscal", ou um "terramoto de magnitude 8 na Escala de Richter", que tudo devasta. Fontes geralmente bem informadas indicaram que as declarações bombásticas de Bagão Félix fazem parte do arsenal verbal terrorista de instigação à violência de que o PCP foi acusado hoje pelo primeiro-ministro.  Vai tudo preso! .  

Bem me parecia que estavam a tramar-nos

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Bem me parecia que não estavam a fazer coisa boa e que estavam mesmo a tramar-nos: .

Certamente não estiveram a fazer boa coisa...

A notícia ecoa na Rede: o Governo esteve reunido 20 horas a ultimar (a suavizar, dizem... ) o Orçamento de Estado, depois de já se ter reunido outras 13 horas a prepará-lo . Portanto, 20 + 13 = 33 horas... Tanto tempo?! Como dizem os antigos, boa coisa não estiveram a fazer... .

Despedimentos no "Público": o que está em causa

Como era de prever, depois de ter criado uma atmosfera - interna e externa - propícia às más notícias, a Administração do "Público", detido pelo poderoso grupo Sonae, jogou hoje a sua cartada, comunicando o início de um processo de despedimento colectivo abrangendo 48 trabalhadores. A Administração alega quebra contínua de receitas. Mas a verdade é que o "Público" é um pequeno segmento do negócio da Sonaecom, holding da Sonae que, em plena crise, obteve um aumento de lucros de quase 20% no primeiro semestre do ano, depois de um aumento de 51,7% em 2011. " O que está em causa não é a sobrevivência de uma pequena empresa", considerou hoje o Sindicato dos Jornalistas. "O que se passa é que a Sonaecom e a Sonae não querem diminuir os seus lucros e não hesitam em sacrificar quase meia centena de trabalhadores, lançando mão de um despedimento colectivo no quadro de uma gravíssima crise económica e social, e rejeitando a função social que as empresas de

Não, não são apenas mais 50 mil para o desemprego

Para além das evidentes consequências sociais directas do despedimento de 50 mil trabalhadores das administrações públicas  - em primeiro lugar, as consequências pessoais e familiares sobre os próprios; em segundo lugar, a dramática redução da qualidade dos serviços onde trabalham - a violenta "medida" anunciada pelo Governo implica consequências indirectas muito, mas mesmo muito, inquietantes. Em primeiro lugar, o "sinal" que o Governo dá às empresas privadas quanto à resolução do escandaloso problema da precariedade. Se o Estado, que deve ser a primeiríssima pessoa-de-bem e dar o exemplo de corrigir a brutal exploração do trabalho precário, é o principal praticante da arte de descartar-se do problema, que poderão os pobres mortais dos empresários fazer senão seguir impunemente na sua peugada? Em segundo lugar, o despedimento de 50 mil trabalhadores não tem a "vantagem" da redução da despesa que os seus salários representam, pois esta "dispen

Homenagem a Nuno Grande

É assim que vamos ficando mais pobres. Hoje, morreu o Professor Nuno Grande. Tinha 80 anos e uma vida muito cheia e muito intensa. Como médico, como cientista, como pedagogo e, sobretudo, como cidadão inteiro. Fazia jus à memória, ao exemplo, às acções consequentes e à coerência daquele que foi o patrono da sua escola, Abel Salazar, cujo lema "Um médico que só sabe medicina nem de medicina sabe" dominou, numa larga legenda, o átrio do Instituto de Ciências Biomédicas (já lá não vou há que tempos, não sei se ainda existe depois das remodelações). Tendo tido o privilégio de ouvi-lo tantas vezes discorrer, ora sobre a evolução da Medicina e das ciências médicas e as suas respostas às necessidades e anseios da Humanidade, ora sobre a própria natureza desta actividade discutindo o problema de saber se a Medicina é uma ciência ou uma arte, ora sobre as exigências de saber universal, disponível e tolerante que impendem sobre o médico;  tendo acompanhado entusiasmantes e

Tragédia social agrava-se

A TSF noticiou hoje que pelo quase 300 mil inscritos nos centros de emprego, correspondendo a 46 do total de inscritos no final de Agosto, já não recebem subsídios de desemprego ou Rendimento Social de Inserção. O número, que pode pecar por defeito, uma vez que o número de inscritos no final de Agosto era realmente de 673.421 desempregados (entre 807.157 pedidos de emprego), segundo o relatório mensal do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IFP), ilustra dramaticamente a tragédia social galopante e à qual o Governo não está disposto a debelar. É certo que mais tarde ou mais cedo - e tudo indica que vai ser mais cedo do que pensam - os partidos que suportam o Governo vão pagar caro nas urnas o preço da sua imensa insensibilidade social. Mas a pungente agonia que empurra o país para o desaire social não será evitada se não se mudar, rapidamente e com firmeza, de rumo e de políticas. .

Mas é claro que não poderemos ir para aí

"Nós sabemos para onde vamos." (Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro de Portugal, 6 de Outubro de 2012) Mas é claro que não poderemos ir por aí! .

O bispo da Internet falou assim

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José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda (foto oficial) "Há pessoas que comunicam constantemente, no seio de uma família, através das redes sociais, sejam elas de telemóvel, da Internet ou do Facebook, do Twitter ou de outras formas, e depois já aconteceu estar com essas pessoas à mesa e não havia comunicação entre elas.".  Estas palavras são de José Cordeiro.  Apresentadas assim, não assumem qualquer relevância. Qualquer um de nós poderia proferi-las e isso não seria seguramente notícia. Mesmo que lhe acrescentássemos o tratamento honorífico Dom para passarmos a escrever "D. José Cordeiro", ou que precisássemos que este Dom se refere a um bispo, pouco acrescentaríamos de relevante. Qualquer padre, mesmo bispo, medianamente atento à dobadoira do mundo e às quotidianas coisas chãs do seu tempo saberia fazer tão sábia advertência, incorrendo porém no naturalíssimo risco de virem acoimá-lo de de geronte e outros nomes até menos simpático. Dá-se o caso d

Estado da República e incidentes simbólicos

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Hasteamento da bandeira, hoje, na Câmara Municipal de Lisboa (foto: Natacha Cardoso/Global Imagens) No plano do simbólico, há que reter mais dois aspectos das cerimónias da manhã de hoje comemorativas do 102.º aniversário da Implantação da República:  Primeiro: o incidente da bandeira nacional hasteada ao contrário, que não escapou aos repórteres de imagem (com a devida vénia, uso a feliz imagem de Natacha Cardoso, da Global Imagens), remetendo-nos para o significado  diplomático-militar  do hasteamento de estandartes em tais condições: o pedido de socorro internacional. O simbolismo não reside necessariamente nesse significado, pelo facto de o país estar sob "assistência internacional", porque, nesse caso, estaria aqui a discutir, não a propalada "ajuda internacional", mas a ocupação internacional e a capitulação constitucional que ela representa. Reside especialmente no facto de nenhum dos operadores do hasteamento nem nenhum circunstante mais af

Luísa e Ana: dois nomes para a História da República

Pela primeira vez, os ecos noticiosos e os comentários das cerimónias oficiais das comemorações do aniversário da Implantação da República - este ano, o 102.º - estão longe de resumir-se ao conteúdo, ao "tom", à oportunidade, aos labirintos das secretas intencionalidades dos fraseados ou ao tacticismo retórico dos discursos da praxe - o do Presidente da República e o do presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Pela primeira vez, duas mulheres - e logo haveriam de ser mulheres, feminino é o ícone da República, na fragilidade das suas pessoas e no dramatismo dos seus gestos, uma que gritando o desespero da sua sobrevivência impossível, outra cantando a "Firmeza"* como protesto - interromperam sem-cerimónia o protocolo, nos momentos finais da alocução de Cavaco Silva, e retiraram o brilho formal do seu encerramento (suponho que faltou cantar o hino nacional). Não consta que tivessem pessoalmente algo a ver uma com a outra, ou que tivessem concertado os gestos,

"Assalto", "Brutal", "Enorme" - gritam os jornais

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Para a memória do Jornalismo e da crise - manchetes e as primeiras páginas dos jornais de hoje (e não consta que sejam o "Avante!"): .

Confirma-se a tentativa de roubo

Confirma-se que o Governo julga que somos parvos e que quer mesmo roubar-nos, surripiando mais uns 30% do IRS e por aí fora. .

Impaciência em Jornalismo

Problema prático de Jornalismo: o telefonema em cima da hora do fecho da edição por um jornalista impaciente. Estando nos "dois lados", sei bem os riscos excessivos para a credibilidade do jornalista e do Jornalismo que comporta a pressa impaciente do jornalista que telefona ao final do dia para obter um comentário, um esclarecimento, uma reacção sobre um assunto que já toda a gente leu num jornal da manhã, mas não tem a delicadeza, a decência e a serenidade para conceder ao solicitado declarante os 15 ou 30 minutos por este pedidos para concluir uma tarefa urgente ou ininterrompíve l naquele instante... .

A capitulação parlamentar explicada por jovens deputados

Acabo de ver, no Porto Canal, num interessante de debate político que se apresenta sob o título "Parlamento Regional", conduzido com a pachorra provocatória de Fernando Tavares, dois jovens deputados da ainda maioria parlamentar explicar a capitulação da Assembleia da República sob as botas "dos nossos credores". Além de termos perdido a "nossa soberania fiscal", explicavam os jovens parlamentares, "é óbvio" que o Governo tem de "negociar com os credores externos" (óbvio eufemismo que significa submeter à aprovação prévia) medidas como as alterações à TSU ou as alternativas às ditas alterações. Tudo coisa normal, asseveram os moços, dando ares de extensa experiência nos negócios parlamentares. E, pondo um ar sério, suponho eu que acreditando piamente no que afirmavam, os deputados Amadeu Albergaria e Michael Seufert lá vieram observar que a única coisa inédita - pasme-se! - é que o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso,

O patrão do Doutor Borges e o Jornalismo

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Peça de abertura da secção de Economia do "Jornal de Notícias" de hoje É sabido: ontem, o coro de críticas contra a, digamos assim, boutade do Ministro Oculto das Privatizações foi tão grande e tão amplo, que o patrão do Doutor António Borges teve necessidade de vir a terreiro defender o empregado. Não que o dito ministro oculto, às vezes apresentado como consultor do Governo, não tenha sido feliz, reconhece o patrão. Mas, que diabo, acrescentou Alexandre Soares dos Santos, o presidente do Grupo Jerónimo Martins, "vamos ter respeito por um homem que foi director do FMI, não é um tipo qualquer"! Pois não: além de consultor do Governo para as privatizações, o Doutor Borges (re)integra desde 30 de Março deste ano o Conselho de Administração do Grupo Jerónimo Martins (onde esteve entre 2001 e 31 de Dezembro de 2010), como bem informava um take da Agência Lusa datado de ontem. Trata-se de uma informação de extrema relevância, que a Lusa não deixou de veicular