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A mostrar mensagens de junho, 2010

Um manifesto de Antero à liberdade de expressão e ao direito de reunião

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Há 139 anos, a 30 de Junho de 1871, Antero de Quental publicou, no “Jornal da Noite” (se não erro….) o que considero ser um importante manifesto à liberdade de imprensa, à liberdade de expressão e à liberdade de reunião – a carta aberta a António José D’Ávila, primeiro-ministro do Reino que  proibiu as Conferências do Casino . O documento consta do soberbo acervo de 704 cartas de que se compõem dois volumes das “Cartas” integrados nas Obras Completas de Antero de Quental, publicados pela Editorial Comunicação da Universidade dos Açores (1989), volumes esses cuja organização, introdução e notas foram de uma especialista em Antero, Ana Maria Almeida Martins.   Dele respigo: "Dirigindo-me a V. Exa.ª, dirijo-me sobretudo ao público: por isso escrevo pela imprensa. Particularmente não lhe escreveria, porque me prezo de não ter por correspondentes senão pessoas inteligentes, pouco condecoradas, e de provada ortodoxia em gramática portuguesa. V. Exa. Não está neste caso. (…) A

As SCUT e as vias do país real

Ver mapa maior O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, não conhece o país sobre o qual toma decisões tão graves como as que encerram as suas declarações de hoje sobre o estabelecimento de portagens nas SCUT, em relação às quais só admite excepções quando "decorrem do facto de que a única via de comunicação que pudesse existir tivesse sido inutilizada quando o próprio Governo decidiu construir uma auto-estrada em cima dessa via" (citado da agência Lusa). A A28 é exemplo eloquente. É óbvio que não foi construída "em cima" da velha estrada nacional 13, como facilmente se constata sem sair de Lisboa, bastando consultar um mapa ou o Google. Mas é manifesto que a EN13 deixou há muito de ser uma via sustentável, em termos ambientais, de segurança para as populações e de custo para os municípios, para o tráfego que não seja local. É, além do mais, uma via urbana para a qual não há alternativa.

Soares, Cavaco e os jornalistas

Mário Soares e Aníbal Cavaco Silva, que se julga - há quem julgue... - serem pessoas muito diferentes, pronunciaram-se, anteontem e ontem,  mais uma vez e cada um a seu modo, sobre a maneira como os media e os jornalistas observam e narram a realidade política. Nenhum deles surpreendeu, mas o que disseram devem deixar-nos a pensar sobre o que andamos a fazer. Mário Soares, segundo o JN de hoje (pág. 10), declarou que "as organizações que estão por detrás dos jornalistas e comandam e que, muitas vezes, sugerem as perguntas vão por um mau caminho, porque julgam que a intriga faz ganhar audiências". Cavaco Silva, segundo vi ontem nas televisões e leio hoje nos jornais, referindo-se às interpretações da suas palavras e às constantes interpelações sobre o que concluíram delas A ou B, veio proclamar a sua (velha) dispensa da mediação jornalística nestes termos lapidares: "Quem quiser conhecer a verdade - repito: a verdade; insisto: a verdade - sobre aquilo que diz e faz o Pres

Fwd: Aminetu Haidar - ''O mundo é mais pobre sem José Samarago''

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Aminetu Haidar ''O mundo é mais pobre sem José Samarago'' El Aaiun (Sahara Ocidental ocupado), 24/06/2010 (SPS) A presidente do Colectivo dos Defensores dos Direitos Humanos Saharauis (CODESA), Aminetu Haidar, afirmou segunda-feira que "o mundo inteiro tornou-se mais pobre com o desaparecimento do Prémio Nobel da Literatura, o escritor português, José Saramago", que faleceu na sexta-feira passada na sua casa em Lanzarote (Espanha) com a idade de 87 anos. "O desaparecimento de José Saramago não é apenas uma perda para a humanidade, mas também uma perda para todos aqueles que lutam cada dia pela sobrevivência, a igualdade e o respeito dos direitos humanos. Ele estará sempre connosco", escreveu a activista saharaui Aminetu Haidar em carta de condolências dirigida a esposa do escritor, Pilar del Rio, e a sua filha, Violante Samarago. Recordo-me bem dos seus conselhos quando me visitou em Lanzarote durante a minha greve de fome, nesses momentos difíc

No lugar da antiga cascata sanjoanina...

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Há alguns anos, talvez nos idos da década de noventa (ou teria sido na de oitenta? ou nas duas?), muita polémica ecoou e muita tinta correu por causa das cascatas de S. João que ocultavam a estátua de Almeida Garrett e a Câmara lá foi tentando soluções que, no seu entendimento, lá tentassem conciliar a tradição sanjoanina com apostas estéticas inovadoras e com a preservação do monumento a um dos nossos maiores. Por estes dias, um mamarracho inqualificável dedicado às transmissões do Mundial de Futebol à promoção de uma marca de automóveis esconde o velho Garrett e o próprio edifício dos Paços do Concelho. Não consta que haja por aí qualquer bruá que se oiça contra a coisa, nem contra a falta da cascata. Mudam-se os tempos e parece que vale tudo... 

Uma peça de Fernando Paulouro

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Hoje, gostaria muito de estar aqui .

Ter acesso e estar acessível

Entre as múltiplas questões práticas do exercício do jornalismo, estão aqueles truques que visam (tentar) fazer das informações tratadas por jornalistas "algo" inalcançável ao comum dos mortais. Trata-se de um exercício hoje em dia demasiado arriscado para a credibilidade do jornalismo e para a reputação profissional dos jornalistas. Aquilo que por vezes se anuncia como "algo" "a que o jornal Xis teve acesso" não passa realmente de "algo" que foi distribuído a muitos outros jornalistas e está mesmo acessível a milhões de seres humanos com acesso à... Internet. Insistir neste truque é muito feio e muito ridículo. E o ridículo, como se sabe, mata.

"Seguiremos guardando sus sueños"

"Millones de personas queremos tomar la palabra para dar las gracias al tejedor de esperanza, para decir que seguiremos guardando sus sueños, que nunca los perderemos, que hoy, gracias a él, gracias a José Saramago, estamos un poco más cerca de ellos". (Da intervenção da primeira vice-presidente do Governo espanhol, Maria Teresa Fernández de la Vega, na cerimónia fúnebre de José Saramago)

"Podia ter sido só um escritor maior"

"Podia ter sido só um escritor maior da literatura portuguesa. Foi mais do que isso. Foi um homem que acreditou nos homens, mesmo quando os questionava, que deu expressão concreta à afirmação de Bento de Jesus Caraça da aquisição da cultura como um factor de conquista da liberdade". (Da intervenção  do secretário-geral do Partido Comunista Português, Jerónimo de Sousa, na cerimónia fúnebre de José Saramago)

"... e eu tenho tanta pena de morrer"

" Tu estavas, avó, sentada na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabias e por onde nunca viajarias, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e disseste, com a serenidade dos teus noventa anos e o fogo de uma adolescência nunca perdida: «O mundo é tão bonito e eu tenho tanta pena de morrer.» Assim mesmo. Eu estava lá. " Lembrei-me desta passagem de "As Pequenas Memórias" (Caminho, 2006, págs 130-131) quando, ontem, algures em reportagem no país real, me chegou a notícia da morte de José Saramago.

A essência do essencial

Não, Senhor Presidente da República, não concordo com o que disse hoje no discurso do 10 de Junho : "(...) Não se podem pedir sacrifícios sem se explicar a sua razão de ser, que finalidades e objectivos se perseguem, que destino irá ser dado ao produto daquilo de que abrimos mão."   Não basta explicar; é necessário discutir e debater e ter o direito a rejeitar e a apresentar alternativas. "(...) A responsabilidade na procura de entendimentos que evitem rupturas no tecido social não compete apenas aos agentes políticos. Nestes tempos de incerteza é necessário, mais do que nunca, um contrato social de unidade e de solidariedade entre empresários e trabalhadores." Já muita gente deu para esse peditório do mito da conciliação de classes e são sempre os mesmos a pagar a factura. "(...) Este não é o tempo para querelas partidárias ou quezílias ideológicas que nos possam distrair do essencial." O problema é que há mesmo muito mais de "partidário" e de &

Ilha das Flores

Está datado (1989), este documentário de Jorge Furtado, mas...

Como eles porfiam a "aperfeiçoar" as leis...

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Desconfio muito dos "aperfeiçoamentos" às leis do trabalho (e outras...) admitidas pelo Governo e com ou sem o impulso do seu pacto extra-parlamentar com o PSD...

Debate no Chapitô - As notícias têm sexo?

Numa parceria entre o Sindicato dos Jornalistas e o Chapitô, no próximo dia 09 de Junho, quarta-feira, a partir das 22 horas, no Bartô do Chapitô e integrando a já habitual rubrica "ComVocações", colocamos a pergunta: "As notícias têm sexo?". A responder estarão Ana Sá Lopes, jornalista ao serviço do jornal "i", Cristina Ferreira de Almeida, directora da Revista VIP e Paula Brito, Chefe da Divisão de Informação CIG – Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género. A moderação está a cargo da jornalista Ana Goulart, membro da Direcção do Sindicato dos Jornalistas. As notícias têm sexo? Ocuparam os bancos das universidades e logo a seguir as secretárias das redacções. Abrem os boletins informativos e são astutas moderadoras dos grandes debates. Fazem perguntas e exigem respostas. Elas estão em maioria e o jornalismo, hoje, também se faz no feminino. Mas serão elas o poder dos média? Uma pergunta a que vão tentar responder nesta "ComVocação&q

Onde é que está a novidade?

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"Precisamos de soluções práticas. Não me perguntem que cor trazem ideologicamente", disse o líder do PSD numa reunião com empresários, citado hoje no semanário "Expresso". E era preciso perguntar?

Dia Mundial do Ambiente

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"Isto sabemos: a Terra não pertence ao homem; o homem pertence à Terra. Isto sabemos. Tudo está ligado, como o sangue que une uma família. Tudo está ligado. Tudo o que acontece à Terra acontecerá aos filhos da Terra. O homem não teceu a rede da vida, ele é só um dos seus fios. Aquilo que ele fizer à rede da vida ele o faz a si próprio." Da mensagem do Chefe Seattle ao Grande Chefe Branco (1854) ("... Por fim, talvez sejamos irmãos!", edição do Instituto Nacional do Ambiente, s/data) Bom dia! Hoje é o Dia Mundial do Ambiente. Comemorado desde 1972, por proclamação das Nações Unidas, visa fomentar a tomada de consciência para os problemas do meio ambiente, contribuir para conferir um "rosto humano" à problemática ambiental e consciencializar os cidadãos para a sua responsabilidade e para a sua capacidade de converter-se em agentes da mudança para alcançar um desenvolvimento sustentável e equitativo, explica o Programa das Nações Unidas para o Ambiente .

O PEC e a crise para jornalistas

António Saraiva, presidente da CIP, e Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP-IN, são os convidados do Sindicato dos Jornalistas (SJ) para o debate sobre a crise e o PEC a realizar na sua sede, no dia 8 de Junho, às 21 horas, com a moderação da jornalista Helena Garrido. Pretende-se nesta conversa com o secretário-geral da maior central sindical portuguesa e o presidente da associação patronal perceber o que pensam os trabalhadores e os patrões portugueses acerca da crise nacional e quais as medidas que consideram mais eficazes de sair dela. Será que o PEC e as políticas de austeridade que se seguem são a única solução possível? Ou, pelo contrário, esta fortíssima austeridade decretada em toda a Europa vai apenas provocar uma profunda recessão económica? Estas são algumas das questões que estarão sobre a mesa no debate do próximo dia 8 de Junho às 21 horas na sede do Sindicato dos Jornalistas, na Rua dos Duques de Bragança n.º 7 -E, em Lisboa. Transcrito de: Sítio do Sindicato d

O Eurosat tem dias

A agência de estatística da União Europeia, Eurosat, anunciou hoje que 10,8% da população activa portuguesa estava desempregada em Abril, o que representa um agravamento da taxa de desemprego (10,6% em Março). O primeiro-ministro já veio dizer que, "por qualquer razão de metodologia estatística" da agência ainda não entraram os sinais "positivos" que Sócrates viu em Abril mas que mais ninguém vislumbrou. Às vezes, é assim - o Eurostat engana-se, ou é distraído, ou é incompetente, ou é da Oposição, e tal... Portanto, tem dias.