Os especialistas

Entre as questões práticas do Jornalismo mais interessantes, está a definição, densificação e explicação dessa figura mais ou menos mítica que é a do "especialista", como, de alguma maneira, já aflorei aqui.
O "especialista" é alguém que o jornalista ouve/consulta/entrevista para emitir uma opinião sobre um problema ou para auxiliá-lo (instantaneamente, nuns breves minutos de telefone) a observar um acontecimento ou um facto ou a interpretar um documento ou uma descoberta.
Na primeira forma, o "especialista" é fonte de informação=interveniente na narrativa jornalística, isto é, com direito a um ponto de vista e à valoração desse ponto de vista no trabalho final, seja fonte única (e é-o demasiadas vezes...), seja apenas uma entre outras (o que é raro, mas mais proveitoso para o público). Na segunda, é um mero "assessor" no processo, uma "muleta" do jornalista sem o qual ele não seria capaz de apreender, compreender e explicar o que conta.
Em suma, o "especialista" é realmente muito importante, faça ou não parte da notícia enquanto fonte/protagonista dela. Mas seria bom que se explicitassem perante o público certos "pormenores" que não são nada desprezíveis. Por exemplo:
a) O que qualifica - académica e profissionalmente, por exemplo - essa fonte/esse protagonista como "especialista";
b) Que critérios de escolha nos levaram a optar por este(s) especialista(s) e não por outro(s);
c) Que interesses estão ou podem estar "por trás" do especialista e contaminar ou não o estatuto de perito que lhe seria exigível.
Talvez muitas coisas fossem mais claras...
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