"Vai e Vem" para a liberdade de expressão

Às vezes acerto. Pelos vistos tinha razão quando escrevi aqui sobre o blogue de Estrela Serrano, considerando que o "Vai e Vem" constituiria um espaço de liberdade, mas também de combate e de causas para levar a sério. Confirmou-se plenamente. Assim como previ aqui o aumento de interesse pelo blogue com o reforço traduzido na entrada de Azeredo Lopes. Mais uma vez confirmou-se.
É fácil perceber por que razões isso acontece.
O presidente e a vogal do Conselho Regulador da ERC são os membros que, desde o início do seu funcionamento, têm enfrentado as críticas e mesmo a hostilidade, respondendo-lhes "taco a taco" na Imprensa. Além de considerarem, julgo, que a sua intervenção no espaço público corresponde a mais a um dever do que a um "simples" direito, têm evidente prazer nisso: vê-se que polemizam "com gozo".
Vencida a primeira etapa de disputa do território "reservado" aos jornalistas (melhor, à elite jornalística que detém o monopólio da opinião nos media...) e aos opinadores de turno, era inevitável uma investida num espaço mais amplo - na realidade, praticamente ilimitado - que é a blogosfera, passando a uma nova e mais ampla fase (fase superior de luta?) da sua intervenção.
Percebe-se que incomode. Há até quem sustente que S. Exas. não deveriam entrar por esse caminho e que, com "senso", deveriam limitar-se estritamente ao múnus da Regulação formal e deixar-se de tricas na blogosfera. Tenha paciência quem assim pensa e tal proclama através deste orbe incomensurável. Afinal a terra prometida da liberdade cibernética não é para todos? 
Cá por mim, preferia que os reguladores pudessem concentrar-se mais na sua missão (na sua missão formal), mas compreendo que não possam nem devam ficar calados nem diminuídos, nem deixem sem resposta ataques à sua honra, nem aceitem vender a sua liberdade de expressão e de opinião, mesmo que os critiquem por falarem no espaço público
Finalmente, este "caso" ajuda a comprovar quanto os jornalistas e os fazedores de opinião (enfim, tal como os Poderes, a Administração, as instituições...) estão cada vez mais cercados por múltiplas e difusas "instâncias" de escrutínio. Mas isso não é um problema (no sentido de ameaça): é um desafio. O problema reside apenas em saber se estamos à altura dele...
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