Ainda o Processo Casa Pia e a RTP

Em aditamento a este postal, segue o parecer do Provedor do Telespectador da RTP sobre a "mediatização de Carlos Cruz", que pode ser encontrado aqui, e, a seguir, a resposta de José Alberto Carvalho: 

JULGAMENTO E SENTENÇA DO “CASO CASA PIA”

1. Efectivamente, têm sido recebidas dezenas e dezenas de mensagens a protestar contra a forma como a RTP tem tratado a notícia do julgamento e sentença do “caso Casa Pia”. Em particular porque entendem os Telespectadores estar a ser dado um “tratamento preferencial” de defesa perante a opinião pública ao Sr. Carlos Cruz, antigo profissional desta empresa.
2. Alguns Telespectadores reclamam também pelo facto do Provedor não ter, ainda, manifestado a sua opinião sobre este assunto.
3. Devo esclarecer que, normalmente, não me precipito a reagir a estas questões de grande melindre social. Todavia, já enviei uma nota interna para o Director de Informação da RTP, dando conta dos protestos dos Telespectadores.
4. Da minha parte discordo e lamento que o tratamento deste assunto não esteja a obedecer a parâmetros de equidade, privilegiando, com efeito, o Sr. Carlos Cruz, provavelmente por critérios editoriais. Reconheça-se porém que, no relevo mediático, que este caso sempre teve, desde o surgir da primeira notícia, Carlos Cruz, indevidamente, foi sempre a pessoa mais visada.
5. É óbvio que Carlos Cruz é a figura mais mediática neste processo. Mas essa qualidade, por lhe dar direito e condições singulares à livre expressão de opinião em sua defesa e nas críticas que emite em relação ao processo, ao julgamento e sentença, não lhe confere o direito de ser excepcionado relativamente aos outros arguidos / condenados, às vítimas e seus advogados ou assistentes.
6. Esse “tratamento diferenciado” coloca a RTP sobre a acusação de parcialidade e de exercer um “proteccionismo corporativo” descabido.
7. Obviamente a RTP não pode fazer silêncio sobre um assunto de grande mediatismo e de enorme impacto na opinião pública.
8. Por sua vez, a RTP, instituição de serviço público, não deve ser veículo dos ataques deferidos à instituição Justiça, sem dar lugar ao contraditório da parte dos magistrados e investigadores envolvidos neste processo, aliás, nas circunstâncias processuais, impedidos de o fazerem.

Lisboa, 9 de Setembro de 2010

O Provedor do Telespectador,

J. M. Paquete de Oliveira


Em resposta ao parecer do Provedor do Telespectador sobre o Processo Casa Pia, recebeu o provedor uma reflexão do Director de Informação que a seguir se publica.

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