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A mostrar mensagens de fevereiro, 2010

Por uma homenagem à Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos (1969-1974)

Cento e cinquenta cidadãos subscreveram uma petição à Assembleia da República, reclamando o reconhecimento público da contribuição da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos (CNSPP) na luta contra a ditadura fascista e pela liberdade e pela democracia, assinalando o 40.º aniversário desta corajosa iniciativa cívica que se manteve activa até ao 25 de Abril. Constituída por membros e activistas da CNSPP, a Comissão Promotora já apresentou a iniciativa ao presidente da Assembleia da República, na qual participaram os primeiros signatários da Comissão - Frei Bento Domingues, Levy Batista, Manuela Bernardino, Maria Eugénia Varela Gomes, Maria Lucinda Miranda Santos, Mário Brochado Coelho, Nuno Teotónio Pereira, que pertenceram ao núcleo fundador da CNSPP. "Criada em finais de 1969, a CNSPP enfrentou corajosamente a natureza repressiva do regime, alertando a opinião pública nacional e internacional para os graves problemas ligados à situação dos presos políticos em Portugal e

Desculpem incomodar o vosso almoço...

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"Desculpem incomodar o vosso almoço... Um resto de dia feliz. E bom fim-de-semana". Numa lenga-lenga delicada, o homem lá ia incomodando os comensais, correndo o restaurante de mesa em mesa. O blusão quente e vermelho e o molhe de revistas impecável e imaculadamente protegidas pelo invólucro de plástico não deixavam dúvidas quanto ao que vinha, certificando o pedido: "... se fizerem o favor de comprar a revista Cais ". O número de Janeiro (o de Fevereiro ainda não saiu) destaca a Taça do Mundo de Futebol dos Sem-Abrigo, os novos pobres dos Estados Unidos da América (atenção!), o fracasso da Cimeira de Copenhaga e a energia eólica. A páginas tantas, porém, de um curto mas directo artigo do professor de Filosofia Política João Cardoso Rosas ("Difícil pluralismo"), salta aos olhos o destaque: "Em Portugal continua a ser difícil dar a cara por aquilo em que se acredita. A maior parte das pessoas prefere refugiar-se no anonimato para não ser incomodada, o

Madeira: entre a guerra da comunicação e a luta com a Natureza

Vai grande a azáfama à volta de magnas questões como o número preciso de vítimas da catástrofe que enlutou a Madeira no passado sábado ou os danos à imagem do arquipélago que a tragédia e a respectiva cobertura jornalística estejam a causar. O Governo Regional - ou, mais precisamente, o seu presidente - afadigam-se a tentar ganhar uma guerra de comunicação. Por um lado, centraliza(m) no(s) próprio(s) toda a informação (ver o exemplo de comunicado desta manhã ) e nem os Serviços de Protecção Civil respondem aos pedidos de informações feitos pelos jornalistas. Por outro, insiste numa peleja infantil em defesa da marca turística que sustenta a maior parte da sua economia. Já em 1989, por ocasião da maré negra que manchou as praias de Porto Santo, senti profissionalmente esse problema e a insistência não me surpreende. Mas o problema para os que terçam armas por tal desígnio supremo é que, hoje, a capacidade de recolher, processar e difundir informação sobre o que se passa (incluindo boato

Dia Europeu da Vítima

Hoje é o Dia Europeu da Vítima. Instituído pelo forum europeu de organizações não governamentais (26) de apoio às vítimas, como forma de promoção dos direitos das vítimas de crimes, serve para denunciar as estatísticas impressionantes. Em 2009, só a Associação de Apoio à Vítima ( APAV ) assinalou: 6.539 mulheres vítimas de crime (em média, 127 por semana e 18 por dia) 610 crianças vítimas de crime (em média, 12 por semana e duas por dia) 642 pessoas idosas vítimas de crime (em média, 13 por semana e duas por dia) A violência doméstica continua a dominar as estatísticas .   Para assinalar a data, a APAV organiza, na sua sede em Lisboa, um seminário sobre "As vítimas de crime e os órgãos de comunicação social", que conta com a participação do presidente do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, Orlando César.  

Dia Internacional da Língua Materna

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Hoje é o Dia Internacional da Língua Materna. Instituído, em 1999, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e celebrado em cada 21 de Fevereiro desde 2000, destina-se a sensibilisar para a importância do reconhecimento da diversidade cultural e linguística e da educação multilinguística. No âmbito das comemorações deste ano, a Unesco promove, amanhã e depois, em Paris, um simpósio internacional sobre tradução e mediação cultural. Entre outras questões, será discutido o problema de saber se as tecnologias são amigas ou inimigas, quando se trata de preservar as línguas locais, segundo destaca a informação disponibilizada pela Unesco aqui .  (A imagem foi retirada da página da Unesco)

À Espera de Godot

Recomendo as encantadoras esperas de Carlos Silva calcorreando o país. Está nas Outras Naves.

Concentração de meios de informação: de que estão à espera?

O "Diário de Notícias" dá hoje conta que o Governo e "ameaça" recuperar a lei sobre a não concentração da propriedade dos meios de informação vetada por duas vezes pelo Presidente da República. "PS ameaça Cavaco com lei vetada sobre concentração dos media", titula o diário em manchete. A peça no interior, com o título "PS recupera lei vetada por Cavaco", esclarece, citando uma resposta escrita do gabinete do ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, que este "assumiu a temática da concentração dos meios não constituía a sua primeira prioridade". "Todavia", acrescenta logo a referida resposta, "se o tema do pluralismo nos meios de comunicação social e da transparência na titularidade dos seus órgãos vier a ser identificado como relevante nas preocupações da Assembleia da República, o Governo saberá estar atento e agir em conformidade". Ora, precisamente, o Governo já deveria ter "agido em conformidade&qu

Soberania sobre a palavra

O bloguer, comentador e deputado José Pacheco Pereira afixou ontem no Abrupto o que julgo serem as perguntas e respostas integrais  a um inquérito feito, em Janeiro, a várias personalidades sobre a utilização da Rede pelos políticos.* Não é a primeira vez que uma personagem da vida pública dá publicidade ao teor integral das perguntas que lhe foram feitas e das respostas que deu (ou escreveu) a jornalistas. O que tem vários significados possíveis, não necessariamente alternativos. De todos os significados possíveis, há especialmente um que me interessa - o que tem a ver com a soberania sobre a palavra. A quem cabe - ao jornalista mediador do processo?, ou ao agente que profere uma afirmação, enuncia uma ideia, elabora um pensamento? E por que razões tal soberania é assim afirmada - por insatisfação com o espaço concedido ou com o tratamento jornalístico dado às respostas?, ou por necessidade de recentragem individualizada nas respostas?, ou por necessidade de recolocação das respostas

O que deixou de dizer o pivô

É pena que o pivô tenha deixado de dizer já nos idos de Julho. Mas, para que se saiba que dizia de uma forma diferente e inteligente o que não pode deixar de ser dito, aqui fica mais uma recomendação na minha muito incompleta lista de outras naves. Vale pelo que já lá está dito; e vale pelo muito que, espero, virá a dizer.

Liberdade de imprensa: dicas práticas para deputados

Vários deputados membros da Comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da República mostraram, ontem, interesse em saber o que podem fazer para contrariar a precariedade dos jornalistas, aumentar a sua independência e defender a liberdade de imprensa. Deixo aqui várias dicas, que aliás constam (com mais detalhe) de uma "Proposta de 'agenda' para os partidos" concorrentes à Assembleia da República que lhes foi enviada pelo Sindicato dos Jornalistas em 18 de Setembro de 2009: Revisão imediata do Estatuto do Jornalista, revogando as normas sobre direitos de autor que criam condições para a censura e a manipulação, reforçando a protecção do sigilo profissional, aprofundando a garantia de protecção da cláusula de consciência Medidas legislativas contra a precariedade e a exploração do trabalho gratuito de estudantes, designadamente revendo a portaria que regula o acesso à profissão Legislação urgente, estabelecendo limites claros à concentração da propriedade

A propósito das "escutas", uma questão central

Desculpem lá insistir numa questão central que as revelações do "Sol", nas suas duas últimas edições, levantam e que não me recordo de ter visto ainda discutida: "Os cidadãos têm de ter garantias de que a liberdade de imprensa e o pluralismo informativo não estão reféns de interesses económicos com ou sem a interferência do poder político."    

Concretamente

Desculpem lá a insistência nisto 4. Concretamente, importa esclarecer com urgência o país se o primeiro-ministro deu ou não deu instruções a alguém para que fosse desencadeada uma dupla operação de controlo editorial de empresas de comunicação social e de afastamento de jornalistas do seu eventual desagrado; ou se de alguma maneira consentiu na sua realização. 5.Concretamente, deve ficar cabalmente esclarecido se houve ou não intervenção das personalidades às quais são publicamente atribuídos actos e assacadas responsabilidades no alegado “plano” do Governo para controlar órgãos de informação e perseguir jornalistas. que já aqui estava pedido desde sexta-feira e para o qual ainda não vislumbrei respostas claras, transparentes, irrefutáveis. Bem sei que tenho estado demasiado ocupado com muitos outros afazeres, e posso estar até um bocadinho distraído com outras prioridades, mas nenhum dos meus amigos me avisou que podemos ficar descansados.